Ideias protegidas em um clique
Tecnologia Startup baiana simplifica o registro sobre propriedade intelectual no Brasil
como os bitcoins (moedas digitais). Na prática, o Blockchain é um sistema que assegura que os dados não sejam violados, isto porque estas operações são protegidas por um código de letras e números muito difíceis de serem descobertos.
“Tudo que você registra nele fica armazenado de forma permanente, com carimbo de tempo, e de maneira universal. A tecnologia é inviolável, tornando-se um mecanismo perfeito para a proteção de propriedade intelectual”, esclarece a advogada.
A equipe levou cinco meses para desenvolver o sistema e mais outros dois em fase de testes, como destaca Caroline. “A plataforma é bem simples de usar e custa R$ 50 por registro. Basicamente, o usuário só tem que se registrar no sistema e selecionar os arquivos. Aceitamos arquivos de qualquer tipo e tamanho – músicas, fotos, documentos em Word, pdfs, vídeos – e o registro é feito na hora. O certificado de autoria é válido internacionalmente, por toda a vida do autor, e por mais 70 anos após o seu falecimento”.
A InspireIP está firmando parceria também com a Lexio, empresa de automação de contratos. Desta forma, o usuário vai poder construir e assinar contratos em Blockchain de forma fácil e rápida. A assinatura eletrônica da plataforma pode ser utilizada inclusive entre órgãos públicos.
“A procura é grande pelos mais diversos setores, desde músicos que querem desejam registrar sua música, escritores querendo proteger seus
ebooks, até pesquisadores do ramo do agronegócio que querem desenvolver suas patentes. Também estamos sendo bastante procurados por startups que buscam proteger suas ideias e projetos em um ambiente seguro”, acrescenta Caroline.
Para a advogada, o maior gargalo que ainda existe no processo de registro do Direito Autoral no país é uma efetiva política de proteção para essas ideias. “Vejo muitas pessoas que nem sequer sabem a importância de um registro, e que acabam perdendo trabalhos valiosos para pessoas mal intencionadas”, avalia.
O primeiro passo para uma efetiva política de proteção de direitos autorais é a conscientização do público. “Os direitos autorais estimulam o desenvolvimento da cultura, da arte e da inovação, e é determinante para o crescimento do Brasil. Há muito o que evoluir”.
os cabeças brancas queriam ouvir os jovens. Era uma troca muito interessante. A Corrupio foi uma coisa muito forte!
Verger foi o princípio de tudo, né? Como era Verger? Verger era um cara educadíssimo e extremamente observador. No meio de muita gente Verger era mais na dele. Mas na intimidade dos amigos era muito gaiato. Tinha um humor fantástico! Nós éramos deslumbrados pelo trabalho dele. Todo mundo queria levar Verger pra lá e para cá.
Como começou a amizade de vocês? Aliás, Verger foi mesmo o grande motivo da existência da Corrupio?
Foi! A Corrupio foi criada para publicar a obra de Verger porque não existia nada publicado no Brasil. Eu estava em Paris fazendo doutorado e Jorge Amado me convidou para conhecer Verger, pra tomar um café com Verger. Mantivemos contato e começou a amizade. Na Nigéria, quando fui visitá-lo, prometi que iria procurar uma editora para publicar algo dele no Brasil. Dois anos depois Verger voltou à Bahia e tava na expectativa de que eu procurasse alguém para editá-lo. Fui a São Paulo e ao Rio e ninguém topou. Teve um cara de uma editora que falou:
“um livro com tantos negros? Não vai vender”. Voltei pra casa humilhada e sem saber o que dizer a Verger. Cheguei a mentir, dizendo que a resposta iria demorar.
Mas aí veio a Corrupio?
Eu pensei: “vou dar um jeito de cumprir minha promessa”. Publicamos Retratos da Bahia, quando tivemos que escolher 256 fotos entre 800 imagens maravilhosas. Um trabalho doloroso. Mas minha ideia era fazer somente um livro. Publicaria e voltaria para minha vida de fotógrafa. Um livro virou muitos. Depois criamos a Fundação Pierre Verger. Tinha que preservar aquele material. Tenho muito orgulho da Corrupio ter contribuído com isso.
a fronteira. Ali foi uma grande aventura! Fui uma pessoa para essa viagem e voltei outra.
Sei que você também tem boas histórias com Caymmi. É verdade que você tava quando ele se encontrou com Mick Jagger em Paris? Eu era muito amiga da família Caymmi. Eles foram para Nice, na França, e acabei convidando Caymmi para ir à Paris ficar no apartamento de uma amiga. Eu tinha um outro amigo, o Augusto, que tinha um restaurante muito famoso lá. Liguei para ele e disse: “Augusto, vou jantar essa noite aí”. Ele respondeu: “Arlete, hoje não dá. O restaurante tá fechado para um aniversário”. Eu fiquei curiosa: “Aniversário de quem, Augusto?”. Nós éramos muito amigos e ele entregou: “Não diga pra ninguém, mas é aniversário de Mick Jagger”. Eu disse: “agora que eu vou”. Ele pediu: “pelo amor de
Deus, Arlete, só não traga a máquina fotográfica”. Coloquei a máquina na bolsa. Em algum momento Mick Jagger veio à nossa mesa. Pedi pra fazer uma foto e ele consentiu. Fiz várias fotos enquanto Augusto ria com os olhos arregalados. Mick Jagger perguntou de Caetano Veloso e eu atualizei ele. No dia seguinte souberam que eu tinha feito fotos e me ofereceram dinheiro. Pra mim na época era uma nota. Recusei o dinheiro e dei as fotos.
Igual à foto clássica de Caetano com a Coca-Cola?
Sim. Uma foto que fiz de Caetano na janela, em Buraquinho. Essa foto virou um pôster. Parece que a Coca-Cola tava fazendo 40 anos no Brasil, que coincidia com o aniversário de Caetano. Me ofereceram dinheiro, mas eu recusei.
E seu trabalho como fotógrafa? O que você acha que tem de fundamental?
O olhar para o registro, para as coisas que acontecem em volta. Eu não fotografo temas. Eu prefiro diversificar.
É a esse acervo que você vai se dedicar agora?
Tô com um grupo de três pessoas para isso. Goli Guerreiro, Lua Lessa e Ana Carolina Gonçalves. Vamos nos debruçar no meu acervo. Tá tudo preservado, mas não tem nem 30% digitalizado. Tenho muita alegria, a mesma lá do início, mas a garra fica por conta delas.
Mas tem também o Pátio Corrupio, uma tentativa de reviver aquele ponto cultural que existia no Porto?
Sim, quando a pandemia acabar, vamos tocar o pátio, com realização de exposições, rodas de conversa e lançamentos literários.