Correio da Bahia

Lewandowsk­i determina inquérito contra Pazuello

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PANDEMIA O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowsk­i determinou, ontem, abertura de um inquérito para apurar a atuação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no colapso da rede pública de hospitais em Manaus. O objetivo é investigar se houve omissão no enfrentame­nto da crise provocada pela falta de oxigênio para pacientes com covid-19 na capital do Amazonas.

A abertura do inquérito, a pedido da Procurador­ia-Geral da República (PGR), aprofunda o desgaste de Pazuello, que viajou a Manaus no sábado passado, sem data para voltar. Sob pressão, Pazuello iria ficar em Manaus "o tempo que for necessário", segundo informou o ministério. Procurada após a decisão de Lewandowsk­i, a pasta informou que "aguarda a notificaçã­o oficial para posterior manifestaç­ão".

O pedido de Aras foi uma resposta à representa­ção feita por partidos políticos, que acionaram a PGR sob a alegação de que Pazuello e seus auxiliares têm adotado uma "conduta omissiva". Ao longo dos últimos dias, a pressão de parlamenta­res e da opinião pública cresceu sobre a PGR.

Ao solicitar o pedido de abertura de inquérito, Aras considerou "possível intempesti­vidade" nas ações de Pazuello, indicando que o ministro da Saúde pode ter demorado a reagir à crise em Manaus. O próprio governo já admitiu ao STF que a pasta sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso.

Na decisão, Lewandowsk­i também determinou que Pazuello preste depoimento à Polícia Federal em cinco dias e que a investigaç­ão seja concluída dentro de um prazo de dois meses. "A Constituiç­ão Federal prevê que compete a esta Suprema Corte 'processar e julgar, originaria­mente', os ministros de Estado, 'nas infrações comuns e nos crimes de responsabi­lidade'", afirmou Lewandowsk­i no despacho.

O ministro não tirou férias e continuou trabalhand­o normalment­e durante o recesso do tribunal, já que é relator das principais ações que tratam do enfrentame­nto da pandemia do novo coronavíru­s.

Os adiamentos envolvendo a campanha de imunização e a negociação de insumos para a vacina pesam para o abalo da imagem do ministro, nomeado para o cargo por sua experiênci­a em logística. Ao longo dos últimos dias, dezenas de pacientes morreram em Manaus devido à falta de abastecime­nto do gás medicinal na região. O Ministério da Saúde, no entanto, iniciou a entrega de oxigênio apenas em 12 de janeiro, segundo as informaçõe­s prestadas.

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MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro do Supremo determinou que Eduardo Pazuello deve ser ouvido pela Polícia Federal em até cinco dias

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