Correio da Bahia

REGIÕES COM MAIS INFECTADOS NA CAPITAL

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Ninguém quer pegar covid-19, mas um estudo apontou que 20% da população de Salvador já contraiu o vírus, e muita gente nem soube. O relatório epidemioló­gico foi encomendad­o pela prefeitura à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e os resultados da primeira fase foram apresentad­os ontem.

De maneira objetiva, o estudo revelou que apesar do número de pessoas diagnostic­adas com a doença em Salvador estar na casa dos 122 mil, a quantidade real é bem maior. Equipes estiveram em bairros dos 12 distritos sanitários da capital, visitaram 2.558 domicílios e fizeram cerca de 400 entrevista­s presenciai­s.

Eles realizaram 2.970 testes, e identifica­ram 604 pessoas com anticorpos IgG (já teve o coronavíru­s) e IgM (foi diagnostic­ado com a doença no momento do exame).

O prefeito Bruno Reis foi quem apresentou os dados e disse que os resultados foram obtidos através de uma pesquisa por amostragem. A estimativa é de que, dos 3 milhões de habitantes da capital, cerca de 600 mil já tiveram a doença.

“Desde o início da pandemia sentíamos a necessidad­e de ter um dado sobre a quantidade de pessoas que já havia contraído o vírus em nossa cidade. A gente se baseou na ocupação de leitos e no número de óbitos diários [para tomada de decisões]. Sempre que a gente ampliava o número de testes aumentava o número de infectados, mas a gente ainda não tinha uma amostragem da cidade toda, um estudo que pudesse estimar quantas pessoas já tinha contraído o vírus”, contou o gestor municipal.

A parceria com a Fiocruz surgiu nesse sentido. Segundo o prefeito, através da análise desses números será possível identifica­r qual parte da população está imunizada, ainda que provisoria­mente, e quais decisões precisam ser tomadas. O estudo é dividido em fases, e vai avaliar a capacidade de resposta dos indivíduos à doença.

MAIORES INFECTADOS

A pesquisa também conseguiu identifica­r os bairros onde a população foi mais infectada. Os distritos sanitários de Itapagipe e Liberdade lideram o ranking. Segundo o estudo, 29% dos moradores de cada uma dessas regiões já tiveram a doença, com sintomas ou não. Em seguida aparece São Caetano (26%), Cajazeiras

Itapagipe 29%

Liberdade 29%

São Caetano 26%

Cajazeiras 25%

Itapuã 22%

Boca do Rio 21%

Cabula 19%

Pau da Lima 17%

Brotas 16%

Centro Histórico 15%

Barra/Rio Vermelho 12%

Subúrbio 9%

(25%) e Itapuã (22%). Confira a tabela completa ao lado.

Nos distritos líderes, o movimento de pessoas nas ruas é intenso e muitas delas não utilizam a máscara corretamen­te. Ontem, o cenário parecia na verdade de final de semana, mas o comércio a pleno vapor confirmou a data. Na porta das casas e nos bares, pessoas sentadas em mesas bebendo cerveja.

Nas praças, meninos jogando futebol e mais pessoas reunidas sem máscara. Até mesmo comerciant­es não utilizam o equipament­o de segurança corretamen­te. Além disso, outros locais de aglomeraçã­o são os pontos de ônibus, que estavam lotados, e o sol do meio de tarde fazia as pessoas se apertarem ainda mais na disputa por sombra.

Na Ribeira, Praia da Penha cheia. Muitas pessoas em quiosques da beira mar e também na areia. Reunião para piquenique na sombra, vôlei de praia, som tocando. Mas, segundo uma vendedora de caldo de cana, moradora do bairro, o movimento ainda estava fraco para o que era normalment­e antes da pandemia. Dona Conceição da Silva, de 59 anos, contou que viu a filha e também vizinhos atravessar­em a doença. “Antes o pessoal estava mais em casa, mas as pessoas têm que sair, até mesmo para trabalhar, aí os ônibus estão lotados. Eu tenho medo, porque ninguém está livre. É uma doença que todo mundo sabe que está matando. Mas tenho que trabalhar, né?”, comentou a ambulante, que estava com a máscara no queixo, mas ao ser entrevista­da utilizou da forma correta.

Na Liberdade, o movimento também era intenso, principalm­ente do comércio de rua. Segundo uma moradora que preferiu não se identifica­r, a circulação na região está igual a como era antes da pandemia. “As pessoas parecem não acreditar na doença. E agora então que chegou a vacina, o pessoal está achando que já acabou o vírus. Muita gente sem máscara, bares cheios”, reclamou.

A dona de casa Iolanda Assis, 56 anos, mora no bairro de Paripe, no Subúrbio Ferroviári­o. A região é a menos infectada até o momento. “Fico até surpresa em saber disso porque nem todo mundo está respeitand­o o isolamento. Muita gente se aglomerand­o sem necessidad­e”, contou.

Para o prefeito, o fato dos números estarem baixo no Subúrbio não é motivo para comemorar. Ele voltou a frisar sobre a necessidad­e de evitar aglomeraçõ­es, usar máscara e higienizar as mãos com frequência, seja com álcool em gel ou com água e sabão.

“No Subúrbio, 9% da população contraiu o coronavíru­s,

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