STJD INICIA APURAÇÃO DO CASO RAMÍREZ
Bahia Atleta e técnico Mano Menezes serão ouvidos de forma virtual pelo tribunal
O auditor Mauricio Neves Fonseca, relator do inquérito que investiga a denúncia de injúria racial do meia Ramírez, do Bahia, contra Gerson, do Flamengo, deferiu ontem o pedido do técnico Mano Menezes e do colombiano para serem ouvidos de forma virtual. Com isso, os dois vão prestar depoimento no dia 3 de fevereiro, mesma data em que os flamenguistas Gerson, Natan e Bruno Henrique serão ouvidos presencialmente na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), no Rio.
As oitivas para apuração da denúncia tiveram início ontem, quando foram ouvidos o árbitro Flávio Rodrigues de Souza, os auxiliares Marcelo Carvalho Van Gasse e Danilo Ricardo Simon Manis, além do delegado da partida, Marcelo Carlos Nascimento Vianna.
O auditor negou o pedido feito pelo Flamengo de suspensão do inquérito, ao destacar que o caso segue sendo investigado na Justiça comum e que o STJD deveria aguardar a conclusão na esfera criminal para dar seguimento na esfera esportiva. Por determinação do auditor, o inquérito seguirá em sigilo e somente após a conclusão serão divulgadas informações.
Eu fui falar com ele e ele falou bem assim pra mim: ‘Cala a boca, negro’ Gerson
Em nenhum momento fui racista com nenhum dos jogadores. Ele saiu falando que eu tratei com ‘Cala a boca, negro’ falando português, quando eu realmente não falo português Ramírez
O CASO
Segundo Gerson, Ramírez o chamou de negro em tom pejorativo no início do 2º tempo da partida disputada em 20 de dezembro, vencida pelo Flamengo, no Maracanã, por 4x3.
Gerson disse que a injúria também teria sido ouvida por um de seus colegas de time, o zagueiro Natan. Além disso, o fato teria ocorrido próximo ao atacante Bruno Henrique, que teria tido uma discussão com Ramírez. Um dia após a partida, Ramírez negou que tenha cometido qualquer ofensa de cunho racial e alegou ter sido mal entendido, uma vez que é colombiano e não domina a língua portuguesa.
O técnico Mano Menezes discutiu com Gerson e chegou a dizer que se tratava de malandragem do atleta do Flamengo. Mano perdeu o emprego no mesmo dia, mas, segundo a diretoria do Bahia, a demissão não teve relação com o caso e sim com o mau momento do time na Série A.
Após o caso, o Flamengo contratou especialistas em leitura labial, que produziram um laudo confirmando a suposta ofensa. O Bahia afastou Ramírez temporariamente logo depois do jogo, mas reintegrou o atleta pouco depois por conta de outro laudo, produzido por especialistas contratados pelo clube baiano, não ter identificado a ofensa.