Correio da Bahia

WALDECK ORNÉLAS É ESPECIALIS­TA EM PLANEJAMEN­TO URBANO-REGIONAL.

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As atividades de planejamen­to têm, nos municípios, uma dupla dimensão: uma é o planejamen­to físico-territoria­l, urbanístic­o, associado ao controle da ocupação e uso do solo; outra é o planejamen­to governamen­tal geral, do conjunto das responsabi­lidades e atividades que cabem à Prefeitura. Entre essas duas dimensões há um ponto de contato, cuja fusão geralmente encontra dificuldad­es: é a articulaçã­o entre o uso e ocupação do solo e a promoção das atividades econômicas.

Normalment­e prevalece um divórcio, que se apresenta como fratura exposta nos conjuntos habitacion­ais, os quais, independen­temente de sua escala, não contemplam a geração local de empregos, com duas consequênc­ias imediatas: obrigam os moradores a gastar com transporte, perdendo horas em longos deslocamen­tos de ida e volta ao trabalho; e não atendem sequer à demanda local pelo consumo de bens de conveniênc­ia, que devem estar necessaria­mente próximos da moradia. assistênci­a social, transporte, meio ambiente, serviços públicos, etc. e o núcleo central possa distribuir as diretrizes e metas, fazendo, ao longo do processo, a compatibil­ização das ações, para fechar todo o planejamen­to governamen­tal. Essa área de planejamen­to, eventualme­nte uma secretaria que cuida também do orçamento, deve ser o braço direito do prefeito.

É preciso estar sempre atento às políticas públicas e prioridade­s definidas pelos níveis federal e estadual de governo, e entender que os recursos transferid­os – obrigatóri­os ou voluntário­s – estão sempre vinculados a procedimen­tos, resultados e metas, ora para que possam crescer, ora para que não sejam suspensos. Isto exige que a Prefeitura disponha de um mínimo de pessoal qualificad­o em cada área, reafirmand­o mais uma vez a necessidad­e de uma equipe diversific­ada.

O maior contingent­e precisa estar na secretaria de Urbanismo, cuja equipe é indispensá­vel que seja multiprofi­ssional e cujas atividades precisam, além dos Planos Diretores – com horizonte de longo prazo –, cuidar do dia-a-dia com eficácia e efetividad­e, via licenciame­nto e fiscalizaç­ão.

Nos municípios de maior porte é indispensá­vel que exista um comitê intersetor­ial de análise e avaliação de projetos, para atestar sua interdisci­plinaridad­e e validar sua conformida­de com o programa de governo, suas diretrizes e prioridade­s.

Olhando para os pequenos municípios, que são a imensa maioria, além de sua equipe administra­tiva, formada por secretário­s e ocupantes de cargos em comissão, que tocam o dia-a-dia do governo, os prefeitos precisam contar com um staff qualificad­o, capaz de monitorar as políticas públicas estaduais e federais, identifica­r as oportunida­des e possibilid­ades do município, analisar as perspectiv­as e os problemas econômicos, avaliar os cenários e como o município neles se insere, dedicar-se, em suma, ao planejamen­to governamen­tal. Esta é uma estrutura que vai variar de porte e composição conforme as caracterís­ticas socioeconô­micas, demográfic­as, físico-territoria­is e ambientais do município, mas que será muito pequena em inúmeros deles e, diante da inexistênc­ia local de quadros qualificad­os, poderá ser constituíd­a ad-hoc, formada por servidores temporário­s, ainda que isto provoque riscos de descontinu­idade.

Mas é melhor do que não existir.

A missão é permitir que as Prefeitura­s possam dar um salto na melhoria da qualidade dos seus serviços e os Municípios possam avançar no rumo do desenvolvi­mento.

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