SOLUÇÃO COM VINAGRE DE ÁLCOOL
'educação digital' deve ser passada adiante. "A liberdade de expressão existe e tem que ser respeitada, mas ela termina a partir do momento que ofende, ameaça, difama, causa injúrias", explica.
MAIS DIFÍCIL
Essa é a realidade para a maioria das pessoas que usa os provedores tradicionais. Mas nem sempre é assim, segundo a delegada Lívia Carvalho, chefe do Grupo de Repressão a Crimes Cibernéticos da Polícia Federal.
"A gente ouve muito falar da deep web ou das redes VPN. É uma criptografia. Elas funcionam como descascar uma cebola. Você chegaria ao IP por milhares de fases, até chegar naquele núcleo da cebola, que seria o IP questionado", explica. Na deep web - a parte não indexada da web -, o IP roda por vários países e, não fica registrado.
Essa não é, porém, a internet 'padrão'. "Todas as investigações relacionadas com a prática de delitos em geral na internet vão buscar a conexão original", diz a delegada.
O que ainda pode acontecer é o que ela chama de cortina de fumaça. A pessoa usa a internet tradicional, mas, uma rede wi-fi pública. Isso faz com que a conexão não seja anônima, mas torna mais difícil chegar ao usuário. “Saber de onde partiu a conexão também é relevante. E ela nunca vai ser anônima”, reforça.
‘SOLDADOS DO ÓDIO’
Situações como essa levam a um debate psicológico. Em um caso de linchamento virtual, o psiquiatra André Brasil, professor de Medicina da UniFTC, acredita que o primeiro passo é buscar ajuda profissional. "Tanto o abusador quanto a vítima precisam ser olhados profissionalmente", defende.
Com as redes sociais, comportamentos que sempre existiram ficaram mais fáceis. Segundo o psiquiatra, em casos de ataques em massa, é como se houvesse um exército de soldados invisíveis.
"Esse anonimato dá uma espécie de barreira. Você vai desenvolver a agressão por ser um soldadinho do ódio, mas o outro não vai devolver o ódio (especificamente) a você. Quem está sendo odiado, destruído, não tem como se defender", pondera.
A pandemia potencializou os ataques, já que as relações ficaram mais virtualizadas. Ao mesmo tempo, muitos usuários, ao se deperarem com uma situação de linchamento decidem reforçar o coro - ou ‘odiar em massa’.
"Pelo véu desse pretenso anonimato, se revelam. Isso ajuda a entender como esse rebanho se movimenta. Tem que fazer um processo de psicoeducação com essas pessoas, que é algo feito com cada paciente", completa.