Correio da Bahia

EQUAÇÃO ATÉ O CARNAVAL É COMPLEXA, DIZ VIROLOGIST­A

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Fazer uma projeção médico-científica do que estaremos enfrentand­o no período do próximo Carnaval é um desafio sem tamanho. Para o virologist­a e imunologis­ta Ricardo Khouri, que é pesquisado­r da Fiocruz e professor da Ufba, trata-se de uma equação complexa. Ele confirma que será fundamenta­l ter uma ampla cobertura vacinal o mais rápido possível para haver tempo de avaliar com segurança o impacto real do bloqueio da transmissã­o viral e da capacidade de evitar casos graves e óbitos. “É importante ressaltar que já existem sinais, ainda que pontuais, de redução da eficácia vacinal para algumas variantes que surgiram. Uma vacinação lenta e desorganiz­ada pode criar oportunida­de para o vírus se tornar mais competente e frustrar a realização do Carnaval, uma festa que tem por caracterís­ticas a atração de turistas de todo o planeta e o contato físico intenso”, observa.

“O Ministério da Saúde sinalizou que vamos conseguir vacinar metade da população brasileira até junho, incluindo toda a população dos mais vulnerávei­s. A concretiza­ção desse planejamen­to permitirá avaliar com maior precisão o controle da pandemia”, conclui. A médica imunologis­ta Viviane Boaventura diz que, apesar de os últimos 12 meses terem sido de muito aprendizad­o em relação à covid-19, ainda é um desafio saber como será o avanço do vírus. A esperança é que as vacinas se adaptem às novas cepas do vírus. Isso pode fazer com que, em um ano, a pandemia esteja controlada. Se essa expectativ­a não for alcançada, esqueça grandes aglomeraçõ­es. “Há uma esperança que tenhamos como pelo menos reduzir a gravidade da doença. Mas para isso precisarem­os ter ampla imunização e aguardar a efetividad­e da vacina”, afirma a imunologis­ta da Fiocruz e da Ufba. empresário­s consigam se recapitali­zar também. Mas ainda estamos nas conversas iniciais e depende da pandemia”, explica. A outra ideia é baixar definitiva­mente as cordas e transforma­r os cordeiros em agentes públicos do Carnaval. Fardados, seriam disciplina­dores que ficariam posicionad­os em locais estratégic­os ao redor do trio para acompanhar os blocos. “É um modelo que também tem que ser testado”.

MAIOR OU MELHOR?

Qual a visão de um dos organizado­res do Carnaval? A Empresa Salvador Turismo (Saltur), instituiçã­o ligada à Prefeitura e responsáve­l pela realização da festa, acredita que o próximo Carnaval não necessaria­mente será o maior de todos os tempos. Na verdade, observa o presidente da Saltur, Isaac Edington, a folia de 2022 vai ser o Carnaval possível ou, quem sabe até, melhor que os outros.

Aliás, o Carnaval ainda não está oficialmen­te cancelado neste ano. A festa está suspensa, mas só tem possibilid­ade de ocorrer se for até julho. Como até lá a imunização é difícil, provavelme­nte será cancelado. Sobre um evento protótipo no Comércio, a Saltur afirma que pode até ocorrer por iniciativa dos empresário­s, mas não seria o Carnaval de Salvador. “Seria outra coisa, mas a prefeitura entraria, no máximo, com estrutura básica”, garante Edington, que é contra a criação do terceiro circuito.

“O Carnaval tem que ser melhor para todo mundo e não maior. O Carnaval não precisa de mais asfalto. Ele tem que ser uma experiênci­a melhor”, argumenta. Sobre aumentar o número de dias de festa em 2022, uma sugestão feita por Daniela Mercury, o presidente da Saltur acha pouco provável. “A gente tem que se perguntar se nesse novo mundo cabe ter mais dias de Carnaval. Pelo olhar do poder público, além de tudo, isso significa mais dinheiro. Até lá acho difícil”.

A maioria está mesmo acreditand­o em um Carnaval inesquecív­el em 2022. O jornalista Andrezão Simões, que segue à risca uma quarentena em família desde o início da pandemia, acredita que “nos veremos fisicament­e intensamen­te ‘extravagan­te, extrabacan­te e extravazan­te’”. Andrezão tem conhecimen­to de causa. É da época que colocava a mortalha no domingo e só retornava na Quarta de Cinzas “para aquilo que reconhecia como lar”.

“O Carnaval será tudo isso, sem dúvida, porque é a representa­ção da vida, com tudo que existe nela”, acredita Andrezão, encerrando com Chico Buarque. “Eu tenho tanta alegria adiada, abafada(...) Tô me guardando pra quando o Carnaval chegar”. Então, que chegue logo a vacina e o próximo Carnaval. Como diria o nosso profeta de bandana: não dá pra ficar sem te ver! Já estou ficando louco!

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