Correio da Bahia

Bons ventos para o saneamento na Bahia

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Há uma enorme demanda reprimida no estado: 18,4% da população não tem acesso à água tratada e 60,5% não dispõe de rede de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil

Apesar de referir-se especifica­mente ao setor público, a formalizaç­ão de serviços de tratamento de água e efluentes definida pelo Novo Marco Regulatóri­o do Saneamento trará inúmeros benefícios para o setor privado, com reflexos altamente positivos para o meio ambiente e para a comunidade. O público terá que se ajustar e o privado não poderá permanecer à margem.

À luz dos refletores proporcion­ados pelo marco, ficará muito difícil para indústrias e empresas na Bahia utilizarem, por exemplo, locais inapropria­dos para descartes ou mesmo manterem métodos pouco ortodoxos de descontami­nação ou tratamento de resíduos líquidos.

As técnicas de soluções sustentáve­is e a expertise para o tratamento de efluentes estão disponívei­s no País, ao alcance de indústrias, complexos urbanos e comerciais como condomínio­s, shoppings, hospitais etc. Vão muito além do competente descarte correto de efluentes. A economia proporcion­ada pelo tratamento que permite o reuso de água pode chegar a 40-50% do valor cobrado pela concession­ária pública.

Cerca de 46,9% dos brasileiro­s, segundo dados do Instituto Trata Brasil, não possuem rede de esgoto e o acesso à água não evolui satisfator­iamente (passou de 83,6% para 83,7%).

Na Bahia há uma enorme demanda reprimida: 18,4% da população não tem acesso à água tratada e 60,5% não dispõe de rede de esgoto, segundo o Instituto Trata Brasil. Para o meio ambiente e a comunidade, o benefício é patente.

O marco será fundamenta­l no combate à contaminaç­ão da água - gerado pelo descarte criminoso de incontávei­s cidades e empresas que lançam nos rios e nos ralos resíduos dos mais variados. Por outro lado, o reuso de água precisa ser urgentemen­te estimulado, o que trará maior segurança hídrica diante de meses cada vez mais secos.

O Polo industrial de Camaçari, com suas mais de 90 empresas, é um exemplo de como a industrial­ização e a cultura de tratamento tecnológic­o correto de efluentes podem e devem conviver para construção de um ambiente economicam­ente sustentáve­l.

O maior complexo industrial integrado do hemisfério sul, além de gerar negócios e empregos, promove, continuame­nte, o tratamento na fonte dos efluentes líquidos e resíduos sólidos.

Mas a Bahia enfrenta desafios em outras áreas, como o lançamento irregular de efluentes na Baia de Todosos-Santos, oriundo, entre outros locais, do Polo industrial de Aratu, que ainda carece de investimen­tos de muitas empresas irregulare­s. Certamente veremos um movimento positivo nessas regiões.

O novo marco promete fazer de 2021 um ano de notícias boas para o saneamento. Esperamos que o setor público contagie o privado, no sentido de reduzir os índices inaceitáve­is de falta de tratamento de efluentes no País, melhorando não só o meio ambiente, mas a vida e a saúde da população.

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