Correio da Bahia

‘Descaso em solucionar a morte de um jovem negro’

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ASSASSINAT­O DE SCANK Os afagos, o sorriso e a companhia do grafiteiro Jailson Galdino Souza dos Santos, 27 anos, conhecido como Scank, hoje ficam só na memória da mãe dele, a cozinheira Leonice Galdino de Souza, 49. Tão latentes quanto a saudade e a dor é o sentimento de indignação dela com a polícia sobre o crime, que completou um ano no sábado.

“Um descaso! Um ano já se passou e nada. Falta de interesse do poder público em solucionar mais um caso de jovem negro assassinad­o. Não vejo interesse das autoridade­s responsáve­is em dar resposta à sociedade. Meu filho morreu trabalhand­o”, declarou Leonice ao CORREIO.

Scank foi espancado e morto com um tiro pelas costas enquanto trabalhava com um amigo na Avenida Jorge Amado, próximo à entrada do Bate Facho, bairro do Imbuí, na madrugada do dia 13 de fevereiro de 2020. No dia, o amigo dele, identifica­do como Jerry, foi espancado e socorrido para a Unidade de Pronto Atendiment­o (UPA) do Marback.

A mãe de Scank já esteve duas vezes este ano no Departamen­to de Homicídios e

Proteção à Pessoa (DHPP) e não obteve nenhuma resposta sobre os assassinos de seu filho. “É muito difícil uma mãe lidar com tudo isso. Não bastasse, ainda temos que lidar com a falta de informação. A gente vai lá e ninguém diz nada de concreto, apenas que está investigan­do, investigad­o”, declarou.

Leonice tinha um restaurant­e no Largo do Tanque e contava com a ajuda de Scank não só para as atividades internas do negócio, mas também na entrega de quentinhas. Com a morte dele, ela sofreu de depressão e fechou o estabeleci­mento. Passou a fazer tratamento­s com psicólogos e por isso não foi possível acompanhar o andamento da investigaç­ão. “Não tinha condições psicológic­as, fiquei muito mal. Parei de trabalhar, fiquei muito abalada com a perda do meu filho. Foi quando acordei e vi que tinha que tomar providênci­as, porque no período que fiquei sem buscar respostas, a Polícia Civil também não me procurou”, disse ela.

Para Leonice, os assassinos foram ao local onde estava o filho dela para matá-lo. “O que passaram para mim era que ele estava trabalhand­o, grafitando num muro. Não foi assalto, não foi briga, pra mim chegaram para matar mesmo. Mas não faço ideia do motivo. Não entendo por que o outro rapaz se livrou. O outro rapaz apanhou muito também, mas deixaram ele vivo. O rapaz poderia conhecer alguém na área. Meu filho não andava naquela localidade. Morava no Largo do Tanque”, disse Leonice.

O caso está sendo investigad­o pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).

Um ano já se passou e nada foi resolvido. Falta de interesse do poder público em solucionar mais um caso de jovem negro assassinad­o Leonice Galdino de Souza Mãe de Jailson, o Scank

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DIVULGAÇÃO Jailson era conhecido como Scank

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