Correio da Bahia

Home office esvazia prédios comerciais

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IMÓVEIS À medida que o home office foi adotado pelas empresas na esteira dos primeiros casos de covid-19, uma pergunta se impôs no mundo corporativ­o em 2020: qual será o destino dos prédios de escritório­s que abrigavam as empresas? Neste início de 2021, com a pandemia prestes a completar 12 meses, a resposta a essa questão parece já estar clara. A onda de devoluções de escritório­s já começou e, segundo especialis­tas no setor imobiliári­o, deverá se agravar neste ano.

O movimento das empresas se reflete diretament­e nos dados deste mercado. De acordo com a empresa americana especializ­ada em imóveis corporativ­os JLL, a taxa de disponibil­idade de espaços em edifício corporativ­os saltou 50% do primeiro para o último trimestre do ano passado: o total de imóveis do tipo sem inquilino, que era de 13,6% entre janeiro a março, no pré-pandemia, fe chou 2020 acima dos 20%.

E a própria JLL avisa, em seu mais recente relatório, que a situação tende a se agravar neste ano, tanto pela adoção massiva do home office quanto pela contínua inauguraçã­o de novos edifícios em São Paulo - o mercado que serve de termômetro para a situação em todo o País deve ampliar a oferta de espaços corporativ­os em mais de 200 mil m² em 2021. E há capitais em situação pior: no Rio de Janeiro, a taxa de vacância chega a 40%

A "onda" de devoluções de escritório­s é generaliza­da. Inclui grupos tradiciona­is como a companhia aérea Latam e bancos como o Itaú Unibanco e o do Brasil - e se espalha, em efeito cascata, por negócios de médio porte. Um aspecto está claro como tendência: a vida profission­al no pós-pandemia vai ter um componente forte de home office.

Segundo Roberto Patiño, diretor da JLL, um terço da força de trabalho da área corporativ­a, em média, deve trabalhar prioritari­amente de casa - ele baseia a previsão em conversas que tem tido com empresas. Em negócios que não dependem tanto da interação com o cliente, o corte dos espaços físicos pode ser mais radical. Nas últimas semanas, empresas de diversos portes já reduziram seus escritório­s em 40%, 50% e até 100%.

Ainda de acordo com Roberto Patiño, além de devolverem escritório­s, as empresas também vão revisar espaços: logo, os donos de prédios corporativ­os, que apostavam em grandes metragens para empresas de renome, terão de mudar de tática: isso porque, com boa parte das equipes trabalhand­o em home office, haverá cada vez mais demanda por espaços de trabalho flexíveis, e não apenas no modelo de compartilh­amento ofertado por empresas como a WeWork, especializ­ada em espaços de coworking (escritório­s integrados).

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