Correio da Bahia

Alberto Pitta diz que baiano não aceita racismo reverso

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ATIVISMO Questionad­o sobre a essência do Ilê Aiyê, bloco afro exclusivam­ente negro, o artista plástico e criador do Cortejo Afro Alberto Pitta, 60, não hesitou. “O Ilê Aiyê é único. Eu, Alberto Pitta, se fosse homem branco de olhos azuis, me contentari­a de ver o Ilê passar. Não se pode querer mais do que isso”, afirmou, durante entrevista ao jornalista Osmar Marrom Martins, na tarde desta segunda-feira.

O assunto veio à tona durante um bate-papo entre os dois que foi transmitid­o ao vivo no Instagram do CORREIO, como parte do projeto CORREIO Folia em Casa. “Quem não tem a capacidade de compreende­r a realidade do Ilê, chama fácil de ‘racismo reverso’.

Quem não tem a capacidade de compreende­r a realidade do Ilê, chama fácil de ‘racismo reverso’. As pessoas deveriam parar de questionar isso. O branco que questiona isso não é um branco da Bahia Alberto Pitta

Não, é uma outra lógica. As pessoas deveriam parar de questionar isso. O branco que questiona isso não é um branco da Bahia. Que o Ilê seja sempre o bloco de representa­ção da negrada. O Ilê é responsáve­l pelas cores da Bahia”, defendeu Pitta.

Artista responsáve­l pela identidade visual do Cortejo Afro, e de outros blocos afros e afoxés, Alberto Pitta contou que seu bloco é movido pela inquietaçã­o e pelo desafio estético para o Carnaval. Suas fantasias, que sempre chamam atenção a cada desfile, buscam aliar beleza e crítica social. O tema de 2022 será Asas da Liberdade, revelou ao CORREIO. “É sobre a importânci­a de termos liberdade para ir e vir, literalmen­te, o que não está acontecend­o para ninguém”, explicou o artista, sobre a realidade que se vive hoje. No entanto, Pitta revelou que está lidando bem com a ausência da folia.

Pior seria, em sua opinião, se a festa acontecess­e: “Trabalhei em cima disso. A Bahia mais uma vez deu uma lição, porque é difícil não ter Carnaval de rua. Mas as pessoas respeitara­m isso na terra da festa, do negócio da festa”. Ele conversou, ainda, sobre o futuro do Carnaval, que será “uma corrida desenfread­a atrás da fantasia, da coisa lúdica”.

Pitta revelou, ainda, que está prestes a estrear uma exposição com as obras pintadas durante a pandemia. A mostra Em Tempos de Cárcere, com curadoria de Vik Muniz, vai reunir 25 telas pintadas com uma técnica mista de serigrafia com pintura, onde os predominam cores como o ocre, marrom laranja, telha e ferrugem. “Aproveitei para fazer o que sempre quis fazer, pintar”, explicou o artista. O Correio Folia é uma realização do jornal Correio com o apoio da Bohemia Puro Malte e da Drogaria São Paulo. A transmissã­o é da ITS Brasil e E_Studio.

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REPRODUÇÃO Marrom entrevisto­u o artista plástico Alberto Pitta, ontem, no instagram do CORREIO

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