Caloura de Medicina é morta após sair de festa
Crime Vítima estava com amigas em um Uber; uma delas também foi baleada
Os pais de Fernanda Secundes de Oliveira, 18 anos, só sentiam orgulho pela filha única. Não era para menos: sua vida se resumia a “estudar, estudar e estudar”. Tinha acabado de passar no vestibular de Medicina na Unifacs. Mas a jovem morreu com um tiro nas costas na madrugada de ontem, durante uma tentativa de assalto a um carro de motorista de aplicativo na Avenida Juracy Magalhães Júnior, em Salvador.
Fernanda estava acompanhada por mais três amigas e vinham de uma festa no bairro da Vitória para uma casa no Horto Florestal, segundo a Policia Militar. “Os pais só a deixaram ir, pois ela tinha acabado de fazer o vestibular da Bahiana [realizado na última terça-feira (9)]”, explica a amiga da família Jaqueline Moura, 23 anos, afilhada da mãe de Fernanda. “Está todo mundo abalado. A vida dela era dedicada a entrar em Medicina. Ela queria ser dermatologista. Foi uma tragédia! Ainda estamos tentando assimilar o que aconteceu”, disse.
A estudante morava com os pais em Alphaville. O desejo de entrar na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública era só mais uma possibilidade para ela realizar seu sonho, que já era realidade com a aprovação na Unifacs. Fernanda estudou quase a vida toda na Pan American School of Bahia, além de ter sido aluna do pré-vestibular Pontomed, que é voltado para Medicina. “Só agora, com o fim das provas, é que ela começou a sair mais de casa”, lembra Jaqueline.
Segundo informações da Policia Militar, o crime aconteceu na altura do Vale das Pedrinhas, quando uma das jovens pediu para parar o automóvel, pois não estava se sentindo bem. Nesse momento, bandidos anunciaram o assalto e atiraram.
Fernanda foi atingida pelas costas e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu. Outra jovem também foi ferida no ombro: Bianca Martins Melo, 19 anos, que foi levada para o Hospital Aliança. Segundo informações de amigos delas, o estado de saúde de Bianca não é grave, mas até o início da noite de ontem, a bala ainda não tinha sido retirada do corpo.
DEPOIMENTO
Sem se identificar, uma fonte da polícia informou ao CORREIO
que, de acordo com o depoimento do motorista do Uber, que usava um carro emprestado, aquela não tinha sido a primeira vez que o veículo tinha parado durante a corrida. “Ele disse que elas pediram para parar em outros pontos para vomitar.”
“Na Avenida Juracy Magalhães, o motorista parou de novo e, provavelmente, algum carro com assaltantes estava passando e eles tentaram levar o celular. Ainda não está claro se as vítimas reagiram ou se os caras estavam sob efeito de drogas. O fato é que eles atiraram mais de uma vez. Um tiro pega nela e outro pega na amiga. Um tiro também acerta o carro, que não consegue mais funcionar. Por isso que o veículo ficou no local. O Uber disse que não reagiu. O máximo foi tentar, sem sucesso, arrancar com o carro”, completou o policial.
A PM informou que continua fazendo buscas para encontrar os suspeitos, mas ninguém foi localizado ainda. Em nota, a Polícia Civil disse que o caso será investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (Atlântico).
Das quatro amigas que estavam no carro de aplicativo, duas não ficaram feridas. “Elas estão em estado de choque. A gente ainda não conseguiu saber com exatidão o que aconteceu, pois há um choque de versões. Soubemos da possibilidade do motorista estar armado e ter reagido ao assalto. Estamos também sem entender”, disseram amigas no IMLNR.
Após liberado, o corpo da jovem seguiu para o Cemitério Jardim da Saudade, onde se iniciou imediatamente o velório na capela C. A cerimônia de cremação foi às 17h de ontem.
Está todo mundo abalado. A vida dela era dedicada a entrar em Medicina. Ela queria ser dermatologista. Foi uma tragédia! Ainda estamos tentando assimilar o que aconteceu Jaqueline Moura
Ainda não está claro se as vítimas reagiram ou se os caras estavam sob efeito de drogas Fonte da polícia