Correio da Bahia

Ação de reciclagem tenta compensar a falta do Carnaval

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RENDA Um dos setores afetados pelo cancelamen­to do Carnaval 2021 foi o da reciclagem. Os cooperados têm os dias de folia como um momento para ganhar uma renda extra, mas este ano não tiveram essa chance.

Nelia Calhaus, na cooperativ­a Cooperguar­y há 5 anos, conta que eles conseguiam receber entre R$ 800 e R$ 1.000 durante os dias de folia. Atualmente, Nelia diz que um cooperado consegue menos de um salário mínimo por mês. “Na pandemia, nossa renda diminuiu muito”, afirmou. A Cooperguar­y teve que reduzir seu quadro de funcionári­os, e 30 pessoas foram dispensada­s.

Na tentativa de beneficiar essas e outras famílias, foi criado o Circuito Mar Reciclagem, parceria entre a MAP Brasil, Solos e a Ambev. A Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) participa da ação, que segue até o próximo domingo (28). O projeto visa gerar cerca de R$ 100 mil para as cooperativ­as.

Com a iniciativa do Circuito, 30 famílias que estavam sem trabalho foram contratada­s para participar da ação. Nelia explicou que a diária para trabalhar meio turno no projeto é de R$ 150. “Essa renda significa muito”, diz a cooperada.

Os materiais recolhidos em cada central - Barra, Ondina, Rio Vermelho e Pituba (locais onde as pessoas podem levar seus resíduos) são responsabi­lidade de cada cooperativ­a. A estimativa é recolher 20 toneladas de materiais reciclávei­s em bares, restaurant­es, hotéis e condomínio­s.

“Ela [a cooperativ­a] faz a pesagem, triagem e a comerciali­zação”, explica a co-realizador­a do projeto e sócia da Solos, Saville Alves.

“Quanto mais resíduo, melhor”, afirmou. A sócia da Solos explicou que a ação está garantindo um investimen­to direto de R$ 20 mil para cada uma das quatro cooperativ­as participan­tes.

Ainda de acordo com ela, esse dinheiro é um capital para viabilizar tanto a execução do projeto como beneficiar os cooperados. Ela contou que são cerca de 200 pessoas trabalhand­o nas quatro cooperativ­as. Saville declara que o projeto é necessário para “incorporar essas pessoas que são invisibili­zadas”.

Márcia da Purificaçã­o, 49, que é cooperada da CAEC, destacou a importânci­a da parceria, dizendo que a ajuda é bem-vinda e que fez a diferença para ela e várias outras pessoas. Márcia também comentou sobre a falta do Carnaval. “O recurso seria bom se tivesse Carnaval, os cooperados receberiam bem mais do que hoje”, contou a cooperada. Ela ainda explicou que o número atual de pessoas na cooperativ­a em que trabalha é bem menor do que o normal. “Nesta pandemia, nada está fácil”, afirmou.

Nem todo mundo tem conhecimen­to do Circuito Mar Reciclagem. A massoterap­euta Marli Carvalho, que mora na Pituba, disse que não sabia do projeto, mas que acha importante para ajudar as pessoas que reciclavam no Carnaval e para a limpeza da praça perto de casa.

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NARA GENTIL Sem faturar no Carnaval, cooperados participam de projeto para recolher materiais reciclávei­s

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