Camaçari vive seu pior momento na pandemia
Pré-colapso Com 300 novos casos por dia, a cidade tem hospital com até 100% de ocupação
Depois de Salvador, Camaçari é o município com maior número de casos ativos de covid-19 no estado. De acordo com o boletim municipal, a cidade tinha ontem 1.658 pessoas infectadas ativas, enquanto a capital tem mais de 4,7 mil. Os dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram um número bem menor (686), mas ainda deixa o município em segundo lugar no número de casos ativos.
Quarta no ranking populacional do estado, Camaçari é menos populosa do que Feira de Santana e Vitória da Conquista — que ficam em oitavo e quarto lugar, respectivamente, em quantidade de casos ativos. Quase todas as UPAs de Camaçari estão com superlotação, o Hospital Geral já não atende ‘porta-aberta covid-19’ e os leitos contratados no maior hospital privado do município, o Santa Helena, estão totalmente ocupados.
Após observar sinais de pré-colapso no sistema de saúde, a administração determinou a interdição de todas as praias e espaços públicos, como jardins, praças, campos, parques e quadras esportivas, por 15 dias.
Secretário municipal de Saúde, o médico Elias Natan, considera que esse já é o pior momento da pandemia na cidade e teme que a situação possa se complicar nas próximas duas semanas — um provável reflexo da desobediência ao isolamento no Carnaval. Atualmente, a cidade está na lista do toque de recolher determinado pelo governo estadual.
Ainda segundo o secretário, o município de 300 mil habitantes vem registrando uma média de 300 novos casos oficiais nos últimos dias. “A gente vê com muita preocupação [o aumento]. As pessoas estão buscando as nossas UPAs, que já estão lotadas. Hoje [domingo], temos 46 pacientes na tela esperando regulação, sendo que mais de 20 necessitam de leitos de UTI. Precisam ser internados, UPA não é para internamento”, detalhou.
Na tentativa de desafogar a superlotação nas unidades de urgência e emergência (UPAs), a prefeitura instituiu plantões de fim de semana em três Unidades Básicas de Saúde, dos bairros Ponto Certo, Gravatá e Gleba E, funcionando das 7h às 19h.
Elias Natan explicou que essas UBSs foram mobilizadas não só em virtude da lotação das UPAs, mas também pelo cansaço das equipes que estão trabalhando e pelo grande número de pacientes em espera nestes locais. O gestor disse que a resposta do remanejamento já tem se mostrado positiva e mais de 290 pessoas foram atendidas neste final de
As pessoas passaram a não usar máscara, e esta variante mais perigosa detectada no estado pode ser a causa do aumento de casos Elias Natan
semana nestas UBSs.
“Nosso fluxo está muitíssimo alto, sendo 90% ou mais de pacientes com suspeita de covid-19, muitos deles precisando de internamento, e a regulação não está dando conta. Todos os nossos leitos estão ocupados, bem como os pontos de oxigênio. Os nossos consultórios já não têm macas, pois elas estão sendo usadas para internar pacientes”, disse, sem se identificar, uma médica de uma das UPAs do município.
Para a profissional e seus colegas, a esperança é a reabertura do Centro Intermediário de Enfrentamento ao Coronavírus (CIEC), para onde estão previstos 20 novos leitos de UTI. A prefeitura está em fase de licitação dos leitos e, conforme informações do secretário, foi solicitada urgência no trâmite e é possível que as vagas estejam ativadas e disponíveis para uso daqui a 15 dias.
Atualmente, Camaçari tem apenas 20 leitos de UTI - metade no Hospital Geral de Camaçari (que só atende demandas gravíssimas) e a outra metade contratualizada com o Hospital Santa Helena, que é privado. De acordo com dados do painel estadual, o Santa Helena estava com 100% de ocupação e o Hospital Geral com 80% ontem.
Camaçari conta com três unidades de referência para a covid-19 (dois hospitais), uma unidade de retaguarda (centro intensivo) e duas UPAS 24h. Quando há falta de vagas, os pacientes são regulados para outras cidades, normalmente Salvador, onde há maior oferta de leitos.
O CORREIO solicitou um posicionamento da Sesab sobre a situação da doença na cidade, mas não teve resposta até o fechamento desta edição. casos ativos foram registrados na cidade da região metropolitana, segundo dados do boletim municipal