Novas variantes circulam pelo país
Estados como Rio Grande do Norte, Rio e São Paulo detectam mutações do coronavírus
As variantes do novo coronavírus estão se espalhando pelo território brasileiro mais depressa do que as autoridades de saúde conseguem frear a disseminação da covid-19. Ontem, o Instituto de Medicina Tropical da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) confirmou a circulação de novas variantes do coronavírus no estado. No Rio de Janeiro e em São Paulo, também foram identificados casos de novas variações do vírus. Em Araraquara, no interior de SP, inclusive, a prefeitura decretou lockdown (veja no texto ao lado).
De acordo com a UFRN, os resultados do estudo sobre a presença de novas variantes do coronavírus foram comunicados às autoridades de saúde, para que tomassem conhecimento e efetuassem as medidas cabíveis. No Rio, profissionais da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SVS) da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro descobriram que um homem com caso confirmado da variante britânica do coronavírus participou de uma reunião de família com ao menos oito pessoas em Nova Friburgo, dias antes de apresentar os sintomas.
PESQUISA
A pesquisa que confirmou a circulação das mutações do coronavírus no Rio Grande do Norte foi realizada por sequenciamento genético e está analisando 91 amostras do vírus, provenientes do Rio Grande do Norte e da Paraíba. As amostras de Natal, capital potiguar, são de janeiro e fevereiro deste ano e foi possível identificar a linhagem P1 que foi inicialmente encontrada em Manaus (AM); além da linhagem P2, descrita originalmente no Rio de Janeiro e que está se disseminando pelo Brasil.
O estudo acontece em colaboração com o Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que, por meio de uma rede de pesquisadores, estuda a evolução do vírus no Brasil.
Além disso, como as novas mutações do vírus identificadas estão associadas a uma possível maior dispersão, o instituto reforça a importância das medidas de prevenção, como distanciamento social, higiene das mãos e uso de máscaras, que são ações individuais que auxiliam a diminuir a transmissão.
Ontem, a GloboNews divulgou dados da Polícia Federal sobre o crescimento da deportação de estrangeiros no Brasil no ano passado por conta da pandemia (veja ao lado). Houve crescimento das negativas do governo brasileiro à entrada de estrangeiros em dezembro, mas o país ainda não tomou medidas para fechar as fronteiras como aconteceu na Europa.
GRÃ-BRETANHA E MANAUS
No Rio, o homem cuja infecção foi comprovadamente atribuída à variante britânica do coronavírus mora na capital fluminense, teve apenas sintomas leves e já se recuperou da doença.
Até agora, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro já confirmou cinco casos relacionados às mutações do coronavírus, sendo um da variante britânica e outros quatro da variante brasileira, identificada pela primeira vez em Manaus (AM).
Dois dos pacientes com a cepa brasileira morreram, sendo um morador de Belford Roxo e outro paciente oriundo de Manaus. “A SES reforça que, em ambos os casos, não é possível afirmar que houve agravamento dos quadros devido à mutação do vírus”, diz nota da secretaria.
Entre esses cinco pacientes, quatro adquiriram a doença dentro do próprio estado do Rio de Janeiro, o que confirma que as cepas já estão circulando ao menos na capital, e, provavelmente, também nas cidades de Nova Friburgo e Nova Iguaçu. Apesar disso, a secretaria alerta aos demais municípios que é possível que a circulação seja mais ampla, devido à mobilidade de pessoas na região metropolitana.
Até ontem, havia 13 casos de covid-19 em investigação por possíveis relações com as novas variantes do coronavírus no Rio de Janeiro. São considerados suspeitos os pacientes com sinais e sintomas de covid-19 que tenham histórico de viagem ou contato com pessoas oriundas de outros estados e/ou países onde circulam as novas variantes do coronavírus.
No Rio Grande do Norte, o governo estadual anunciou que vai editar um novo decreto com a ampliação de medidas restritivas para conter o avanço da pandemia e evitar o colapso na rede de saúde. Até ontem, a ocupação de leitos de UTI no estado era mais de 85%. As prefeituras locais também deverão editar decretos endurecendo protocolos de segurança.