Tudo delivery
Adesão de restaurantes e mercados cresce mais de 50% na pandemia
Comida, remédios, roupas e até material escolar, tudo sem sair de casa. “Aquilo que antes eu comprava na rua passei a priorizar o delivery: frutos do mar, refeições, remédios e o que meus filhos precisavam para a escola. Continuo em isolamento há quase um ano, trabalhando home office e saindo de casa apenas quando extremamente necessário”, garante o advogado Leonardo Monteiro, 37 anos, que aderiu de vez ao serviço desde o início da pandemia. Com o toque de recolher na Bahia, as entregas estão permitidas até as 23h.
De fato, o consumidor, cada vez mais, vem se rendendo ao delivery. É o que mostra um levantamento pela plataforma de entregas iFood. Na Bahia, o número de novos restaurantes e mercados que entraram no iFood aumentou 53%, considerando os meses de março a dezembro de 2020, comparado a 2019. Os itens mais pedidos foram hambúrgueres, refrigerantes, carnes, sobremesas, cervejas, açaís, pães, além de sushis e sashimis.
Leonardo costuma fazer pedidos em restaurantes pelo menos duas vezes por semana: “Além da questão do isolamento por conta da pandemia, a comodidade de receber em casa é um fator importante e, com isso, acabei consumindo até mais nesse período”, completa.
As mudanças no comportamento dos consumidores tendem a se manter a longo prazo. Ainda de acordo com dados do iFood, em todo país, o número total de pedidos pelo aplicativo atingiu 48 milhões no mês de dezembro do ano passado. Entre março e dezembro, 100 mil novos restaurantes entraram na plataforma.
A aposentada Edimar Leiros, 75 anos, não costumava pedir nada via delivery antes da pandemia, até porque aproveitava a saída para dar um passeio. Hoje, todo dia tem uma entrega em casa.
“Peço muita comida em casa, dos restaurantes que mais gosto, para matar um pouco da saudade. Sempre preferi estar no restaurante, conversar com os garçons, passar o tempo. Mas agora, prezo muito pelo tempo de entrega e qualidade da comida, assim como as embalagens, se chega tudo bem arrumadinho e ainda na temperatura boa para consumo”.
FATURAMENTO
Empresas como o Restaurante Nozu e a Hamburgueria Mr. Blue abriram mão do serviço presencial e focaram 100% nas entregas em domicílio.
Segundo a sócia tanto do Nuzu, quanto da Mr. Blue, Maria Carvalho, os finais de semana continuam sendo os dias de maior movimento nas duas operações. “A nova realidade imposta pela pandemia nos faz acreditar que esse é um mercado que ainda tem muito a crescer”.
Já na Johnny´s Pizza, com unidades na Federação e em Alphaville, o delivery responde por 85% do faturamento da casa. “Temos um espaço para balcão e consumo local, mas o delivery é a principal forma do nosso produto chegar ao cliente.
Tem que ter qualidade no atendimento, agilidade na entrega e qualidade do produto”, afirma um dos sócios da Johnny's, Pedro Tanuri.
O gasto do consumidor cresceu 20% em relação a antes da pandemia. "O consumo da clientela varia entre um e dois pedidos por semana. Porém, ainda temos clientes mais apaixonados por pizza que pedem até quatro vezes”, completa.
Na Pizzaria Acqua & Farina, na Pituba, o delivery já responde por mais da metade do faturamento, como destaca um dos sócios, Marcelo Reis. “O consumo fora do restaurante representa algo em torno de 60% do nosso faturamento atualmente. Nossas pizzas de Alho Negro, Pastrami e Calabresa Artesanal estão entre as mais pedidas, principalmente dos clientes já fidelizados”, elenca.
Um dos sócios da Johnny's
O consumo fora do restaurante é 60% do nosso faturamento Marcelo Reis Sócio da Pizzaria Acqua & Farina
que trabalham de forma remota, em função do contato virtual, devem prezar pela boa comunicação a fim de evitar quaisquer ruídos Diogo Garcia
O home office é irreversível. Muitas empresas tradicionais já estão com dificuldade de manter seus funcionários que optam por esse formato Margot Azevedo
trabalhar por um período numa cidade agradável, com opções de lazer, gastronomia, custo de vida mais em conta quando comparado a outras grandes capitais brasileiras. “É uma nova experiência que pode resultar inclusive em maior produtividade”, completa.
Margot Azevedo salienta que o home office e o presencial exigem compromisso, ética, responsabilidade e profissionalismo. “Há uma falsa sensação de que é mais fácil, de que há mais liberdade, mas não é bem assim. Você precisa saber lidar muito bem com essa ‘liberdade’ e agir mais corretamente do que nunca. Lembre-se que ser profissional é fazer o certo mesmo sem chefe”,diz.