Mulher ainda tem desvantagem no mercado de trabalho
corpo docente tem mais de 70% de mulheres. Elas somam 39 dos 53 professores. Coincidência ou não, o ISC é exemplar em competência: o programa de pós-graduação é recorde em produtividade e tem a nota máxima na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Somente duas outras faculdades no Brasil alcançaram o ranking: a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.
“É o maior percentual de mulheres, nos 25 anos do Instituto. São mulheres extremamente produtivas, todas doutoras, temos pesquisadoras no CNPq, com uma produção grande de artigos. Essa nota máxima se repete há 10 anos”, orgulha-se a diretora do ISC, Isabela Cardoso, 57. Na área da saúde, ela comenta que a presença do sexo feminino no cargo de professor é mais forte.
Segundo ela, a igualdade de gênero deve abarcar todas os campos de ensino, como forma de justiça social, já que elas são maioria na população: “Ainda temos muito para trilhar nessa busca para combater as desigualdades, e essa é uma luta de todas nós”.
Apesar de elogiar o número crescente da inserção de professoras em universidades, a secretária de Políticas para Mulheres da Bahia, Julieta Palmeira, questiona se elas ocupam de fato lugares de poder e decisão nesses espaços. “Esse percentual nos deixa orgulhosas, é uma conquista. Mas, ainda existe a desigualdade de gênero, por exemplo, na área de pesquisa, elas não têm a direção de grupos de pesquisa e não estão nos postos de decisão das universidades, como diretoras”, pontua Julieta.
Outros dados revelados pela pesquisa não foram tão animadores. O indicador sobre o mercado de trabalho na Bahia, por exemplo, revelou uma histórica desvantagem das mulheres em relação aos homens: somente 36,2% ocupavam cargos de gerência. A proporção é a 9ª menor entre as 27 unidades federativas.
Porém, houve um pequeno aumento no índice em relação a 2018, quando o percentual estava em
35,9%; e em relação a 2012, quando elas eram 33,9% gerindo negócios. No geral, elas ainda são minoria nos postos de trabalho (43%). A pesquisa não compara os mesmos cargos de trabalho, e sim o rendimento médio.
Para a secretária Julieta Palmeira, o que se esconde atrás desses dados é o machismo e as relações patriarcais: “A principal questão são essas relações de dominação, onde se busca a subalternidade da mulher. Existe a noção de que a mulher não pode ser a chefa de família e de que o homem é o provedor. Mas muitas delas são chefas de família e criam seus filhos sozinhas”.
A fim de melhorar essa equidade de gênero, a secretária municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, Fernanda Lordelo, acredita que o caminho é investir em políticas públicas. “Gradualmente, através de ações afirmativas e movimentos políticos e sociais, podemos melhorar esta condição. Toda esta estrutura foi sedimentada em escolhas feitas a partir da construção social dos gêneros e das experiências impostas a homens e mulheres, desde a tenra infância. A educação precisa ser adaptada à realidade de igualdade de gênero. A menina não deve brincar apenas com bonecas ou de casinha. Ela pode construir casas e dirigir trator, por exemplo”, defende.
A secretária cita que uma parte importante nessa transformação é a inclusão dos homens como aliados: “Considero muito importante ter os homens nesse movimento. E com isso, não posso deixar de destacar a iniciativa do prefeito Bruno Reis de gerar maior paridade de gênero no seu grupo de secretários. Ele demostrou como é possível inserir mulheres em papel de liderança, fortalecendo e estimulando muito o olhar sobre a mulher que tem capacidade de gerir, de participar efetivamente de decisões”.