Correio da Bahia

PERFIL TEVE POUCAS MUDANÇAS AO LONGO DO ANO

- Morgana Lima infografia morgana.lima@ redebahia.com.br

O perfil de homem com mais de 80 anos é a principal vítima desde o início da pandemia. O CORREIO fez essa análise a cada três meses. O que mudou ao longo do ano foram a cor e a região com maiores incidência­s de mortes.

Com três meses de pandemia, as cidades do Leste, puxadas por Salvador, eram as mais afetadas. Em 6 de setembro, seis meses após o primeiro caso, as cidades do Sul dispararam em número de óbito, e lá tornou-se o epicentro das mortes na Bahia, condição que perdura até hoje.

Jurandir e José Geraldo viviam no Sul da Bahia. Além de Ilhéus e Ipiaú, a região se estende por 68 municípios em torno das cidades de Itabuna, Valença e Jequié.

“Precisamos de uma análise mais a fundo de como está organizada a rede assistenci­al por lá. Historicam­ente, é uma região cujos indicadore­s sempre nos chamaram a atenção e nos deixaram alerta em outras epidemias, como arbovirose­s, a exemplo da dengue”, diz Ramon Saavedra.

Até junho, a Sesab não registrava a cor das vítimas. Em 6 de setembro, a secretaria já divulgava esses dados. Naquele momento, a maior incidência estava sobre pardos.

Em dezembro, a incidência passou a ser maior sobre os brancos, o que se consolidou atualmente. No entanto, a imprecisão dos dados é grande: 1.071 mortes até o último dia 3 não tinham informação de cor, a maior parte pelo não-recolhimen­to dessa informação nos primeiros meses.

Das mais de 12 mil vítimas, 70% tinham alguma comorbidad­e. Esse percentual veio caindo a cada três meses: em junho, era de 76%. Porém, o número de mortes de pessoas sem comorbidad­es também vem caindo, de 14,7% em junho para 8,5% atualmente. Como assim? Mais uma vez, por falta de precisão dos dados. Os óbitos sem informaçõe­s de comorbidad­es aumentou de 9% para 21%.

As doenças mais associadas às mortes não mudaram. Hipertensã­o, diabetes e doença cardiovasc­ular estão desde o início da pandemia no topo.

Como destaca Márcio Natividade, essa estatístic­a possui relação com a taxa maior de óbitos entre homens com mais de 80, pois são doenças mais comuns ao sexo masculino: “E são doenças relacionad­as à terceira idade. Como disse, o homem toma menos cuidado com a sua saúde clínica no curso da vida, e isso se reflete na presença dessas doenças quando idoso”.

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