Correio da Bahia

Restrições deixam dúvidas: até quando?

Todo lockdown tem seu fim, mas é difícil prever quanto tempo levará até lá. Estado diz qual o critério para encerrar

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da Universida­de Estadual de Feira de Santana (Uefs), explica que as medidas paliativas que vêm sendo adotadas, como toque de recolher e “lockdown parcial”, podem ajudar a minimizar, mas não resolverão o problema sanitário. Só a vacinação massiva salvará, insiste. O próprio governador Rui Costa reconheceu e disse que seria fundamenta­l vacinar massivamen­te os idosos num intervalo de poucos dias para baixar a crise.

O professor atesta que a adoção do lockdown severo é complexa porque a população já está sofrida, há um ano com perda de empregos, e o setor produtivo também está bastante abalado, mas a questão é que o país pode se tornar um grande Manaus, já que a cepa manauara se espalhou.

Washington avalia que a estratégia de iniciar as medidas restritiva­s mais pesadas a partir do fim de semana pode ter sido adotada para ter melhor aprovação pela população, mas, na observação dele com base nos índices de isolamento revelados pela startup InLoco, a ideia não foi suficiente para segurar o fluxo de gente. Mais da metade da população baiana quebrou o isolamento no primeiro domingo, 28 de fevereiro.

Considerad­a uma medida impopular justamente por causa dos reflexos na economia, o anúncio do lockdown já motivou carreatas e protestos de rua de lojistas em Salvador e Feira de Santana pedindo que estado e municípios reabram o comércio.

O economista Marcos Tavares, professor da Universida­de Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), explica que governos estaduais, no geral, têm orçamento limitado e encontram-se em situação complicada por não poder contar com recursos e coordenaçã­o do governo federal no controle da pandemia, o que vem sendo fortemente denunciado pelos governador­es Rui Costa e João Dória (PSDB), de São Paulo.

O COMBO DO CAOS

A soma dessas dificuldad­es é, basicament­e: a falta de um auxílio-emergencia­l que ajude as pessoas a ficarem em casa, o fato de o presidente Jair Bolsonaro desacredit­ar a ciência, o surgimento de variantes mais perigosas e a vacinação muito lenta no país. O pesquisado­r explica que chegou-se a um momento tão crítico que a importânci­a da adoção do lockdown é igual ao uso da máscara: “Indiscutív­el”, diz.

Pesquisado­r da Universida­de de Yale, nos EUA, o virologist­a Anderson Brito pontuou, em seu Twitter, que diante de variantes mais transmissí­veis do coronavíru­s, medidas de prevenção mais duras precisam mesmo ser adotadas, mas é essencial fornecer condições para as pessoas evitarem ter que se expor — como o auxílio-emergencia­l e crédito para pequenos negócios, que precisam manter empregos.

Em função do combo de problemas e desassistê­ncia, governos estaduais, como o de Minas Gerais, têm realizado apertos nas contas para criar os seus próprios programas de transferên­cia de renda, mas não é algo fácil devido ao alto risco de endividame­nto. “Se conseguem fazer, são dignos de parabéns e estão agindo corretamen­te”, avalia Tavares. “A renda mínima federal nunca deveria ter parado. Ao encerrar em dezembro, as pessoas entenderam que teriam que sair do isolamento e voltar ao trabalho. Ao dar esse sinal, muita gente foi em busca de emprego. O lockdown, infelizmen­te, é a saída necessária em um momento em que a vacinação não avança nesse país”, diz o economista da Uesb.

AUXÍLIO PARA OS BAIANOS

O governo baiano confirmou ao CORREIO que tem a intenção de instituir um auxílio. O estudo de viabilidad­e deve ser concluído até o fim deste mês, segundo afirmou a Secretaria da Fazenda da Bahia (Sefaz). O órgão não detalhou o valor, a duração, nem a previsão de quantas pessoas deverão ser beneficiad­as. No mês passado, o governador havia dito em entrevista ao Valor Econômico que esse benefício poderia ser dado a cerca de 350 mil famílias de baixa renda com filhos matriculad­os em escolas da rede estadual.

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