Chefs fazem caminho de volta pra casa
Gastronomia Após passagem por grandes centros, baianos mostram o talento nas cidades em que nasceram
Omundo ainda girava sem a ameaça do coronavírus quando o chef Ricardo Brito deixou o comando da cozinha do Amado para fazer o caminho de volta para sua terra natal. Desde o final do ano passado, o cozinheiro comanda em Vitória da Conquista o Zelo Bar & Cozinha, um bistrô de 34 lugares cujo carro-chefe tem como base os frutos do mar.
“Sempre quis voltar pra minha terra, ficar perto da minha família e ter uma qualidade de vida melhor da que vinha tendo num grande centro urbano”, explica.
Para Brito, o reencontro com suas raízes não o afastou da alta gastronomia que praticava. Ao contrário, a mudança o impulsionou a levar para seus conterrâneos as técnicas e a experiência que acumulou nas casas estreladas por onde passou.
“Depois de algum tempo aqui, fui percebendo o que as pessoas gostavam e aos poucos fui construindo um menu que agradasse a todos os paladares”. Esperto, muda o cardápio a cada semana e aposta também em comidinhas rápidas, tanto para comer de mão quanto de talher.
Logo viu a clientela crescer e fidelizar. Brito também contou com o fato de ter nascido numa cidade relativamente grande para os padrões dos municípios baianos onde seu público já estava habituado à boa gastronomia.
“As pessoas daqui viajam com frequência, estão acostumadas a frequentar restaurantes de alta gastronomia. Por sorte, muitos já me conheciam do Amado e assim a coisa foi fluindo. Confesso que estou muito feliz de ter tomado essa decisão”, conta o cozinheiro que faz apenas uma queixa, a falta de mão-de-obra especializada.
“A gente treina a pessoa do zero e, muitas vezes no meio do caminho ela acaba desistindo e a gente perde todo o investimento que fez”, diz o chef se referindo às equipes - tanto de cozinha quanto de salão - que o tem obrigado a “importar” profissionais da capital.
ÊXODO
Histórias como a de Ricardo Brito têm se repetido Bahia a dentro. No começo da pandemia, o chef Rui Carneiro, que carrega no currículo uma trajetória de seis anos na cozinha do restaurante paulistano D.O.M., do celebrado chef Alex Atala, resolveu se recolher em Conceição do Coité, onde nasceu, para esperar a crise passar.