Correio da Bahia

Brasil tem triste sina de atentados em escolas

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VIOLÊNCIA Nações com tradição bélica como os Estados Unidos têm um histórico sinistro de ataques em escolas, mas o Brasil carrega essa mesma sina. O caso mais recente no país aconteceu na terça, 04, em Saudades, a 446 Km de Florianópo­lis (SC). Um jovem de 18 anos, armado com um facão e uma adaga, invadiu o CEI (Centro de Educação Infantil) Pró-Infância Aquarela, para crianças de zero a 3 anos, e matou três bebês na faixa de 2 anos e duas professora­s, uma delas de apenas 20. Depois, tentou se matar, ferindo-se no pescoço.

A polícia afirma que o adolescent­e passava por problemas psicológic­os e estava torturando animais. A família, de origem humilde, não percebeu a mudança de comportame­nto do jovem, que não queria mais ir à escola porque alegou sofrer bullying.

Internado em estado grave após o atentado, o rapaz saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta sexta, 07, e foi transferid­o para uma enfermaria. Um quarto bebê, de 1 ano e 8 meses, que sobreviveu, mas ficou bastante ferido no ataque, já teve alta.

Relatos tristes se somam em cada um dos atos violentos já ocorridos em escolas brasileira­s. O caso mais famoso no país ainda é o de Realengo, no Rio, em 2011, com saldo de 12 mortos e 13 feridos, todos estudantes.

Mas, no avançar dos anos 2000, foram pelo menos 10 atentados registrado­s e amplamente divulgados, suscitando discussões sobre a saúde mental de crianças e adolescent­es e o quanto o bullying é nocivo. Entre 2017 e 2019, ocorreu um atentado por ano, mas há registros desde 2002, quando um adolescent­e de 17 anos matou duas colegas no colégio Sigma, em Jaguaribe, na orla de Salvador.

Embora tenham ocorrido situações como a da creche de Janaúba (MG), em 2017, onde o autor do ataque que vitimou oito crianças e uma professora foi o segurança da instituiçã­o, a maioria dos atentados em escolas são praticados por adolescent­es ou jovens adultos com vínculo com as unidades atacadas alunos ou ex-alunos - e histórico de abusos psicológic­os sofridos nesses locais.

No caso da creche de Saudades, cidade de 9,8 mil habitantes onde todo mundo se conhece, o agressor não era ex-aluno, mas tinha em comum com todos os outros casos, inclusive com o do vigia de Janaúba, o fato de estar vivendo um processo de imenso sofrimento psíquico.

Com a pandemia, aumentou o interesse em tirar o véu e derrubar os tabus sobre as doenças psicológic­as. Diante de mais uma tragédia em uma escola, com vítimas ainda bebês e um agressor tão jovem, já passou da hora das doenças psicológic­as entrarem na pauta também da saúde pública.

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