JUNTAS POR UMA CAUSA FEMININA
Aos 18 anos, Júlia Alkmim tem interesses típicos de jovens de sua idade. Cursando o último ano do ensino médio, ela gosta de ler, surfar e desenhar. Mas, desde já, tenta encontrar propósitos maiores para se apegar e causas para lutar. Júlia é líder em Salvador da organização global Girl Up, associada à ONU . Está junta com Rebeca Souza, líder do grupo em Sergipe, e Nina Robles, de São Paulo.
Juntas, já conseguiram protocolar projetos de lei em 12 estados do Brasil contra a chamada pobreza menstrual, inclusive na Bahia. “A pobreza menstrual é a falta de acesso aos produtos menstruais, que também denuncia falta de acesso ao saneamento e higiene básica, desigualdade social e racial e, no geral, um problema estrutural brasileiro que demonstra a falta de preparo do país para acomodar as mulheres no que é um processo natural feminino, a menstruação”, explica Júlia.
Ela se refere a uma pesquisa divulgada pela Always, marca de cuidado íntimo, que aponta que 1 a cada 4 mulheres no Brasil já faltou aula por não poder comprar absorvente. É que esse item não é enquadrado, pelo governo brasileiro, como um produto de saúde básica. Portanto, não recebe isenção de impostos e não é incluído na cesta básica. A taxa tributária para o absorvente é a de um “cosmético”.
“Como é possível que meu batom e meu absorvente, do qual eu necessito todo mês, sejam taxados da mesma forma?”, questiona Rebeca Souza. Foi assim que, no início da pandemia, a associação, que une jovens dos 12 aos 19 anos, promoveu a arrecadação de 100 mil absorventes para distribuição às mulheres que não teriam condições de comprá-los.
Idealizada por Maria Antônia Deziderio, fundadora da Girl Up em Salvador, a campanha surgiu de uma troca de mensagens em grupo de WhatsApp. “Sabemos que estamos em quarentena e que muitas iniciativas privadas e governamentais estão doando cestas básicas e materiais de limpeza. Mas só sabão, xampu, condicionador e pasta de dente são incluídos. Absorvente não seria um item de higiene pessoal?”, provocou Maria em um dos grupos virtuais, à época.
Mas “somente” a arrecadação não foi suficiente para as meninas. “Após essa campanha, percebemos que ela funcionaria como uma solução provisória. Todo mês a gente menstrua, mas não conseguiríamos arrecadar 100 mil absorventes todo mês. A forma certa de combate a esse problema seria através da política”, conclui Rebeca.
Na Bahia, a Girl Up Roda Baiana entrou em contato com a deputada Olívia Santana e, em parceria, construíram dois projetos de lei. Um inclui o item na cesta básica como produto essencial e outro garante absorventes gratuitos em escolas públicas, unidades prisionais e unidades básicas de saúde. “Isso abriu um novo capítulo na política de saúde à mulher baiana, porque nunca antes o combate à pobreza menstrual tinha sido uma pauta na política do estado. Mas não é só na Bahia que isso está acontecendo”, conta Júlia.
Em outros 11 estados também foram protocolados projetos de lei com o mesmo objetivo. No Rio de Janeiro e no Distrito Federal eles já foram aprovados. Mesmo sem se conhecerem pessoalmente, as líderes dos estados mantêm contato através de plataformas como Meets e Zoom. “Posso chamar Júlia e Rebeca de amigas”, diz Nina, que com 15 anos, é representante da Girl Up em Campinas (SP).
Para elas, a luta se inicia desde cedo. “Eu acho que tudo parte dessa idade, quando a gente tá descobrindo o mundo. É quando as injustiças ainda chocam a gente e temos uma maior vontade de querer mudar os problemas e questionar as coisas. A gente tem que usar essa ânsia por salvar o mundo, para começar a se engajar nessas questões importantes”, acredita Júlia.
ALA INTERDITADA O rompimento de uma tubulação de água no Hospital de Campanha da Arena Fonte Nova causou um alagamento na ala C da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), por volta das 10h20 de sexta-feira (7).
Cinco ambulâncias foram deslocadas para o hospital para auxiliar na remoção dos pacientes para outras alas. Todos os que são tratados no hospital têm covid-19.
As Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), que administram o hospital, informaram que não houve prejuízo para os pacientes. Com o rompimento, parte do forro desabou, e a ala, que tem 30 leitos de UTI, foi interditada. O reparo ocorreu na sexta mesmo, e a situação foi normalizada.
Em nota, a Embasa disse que o problema foi por conta de um vazamento interno, contido pela própria administração. “A Embasa informa que o incidente ocorrido no hospital de campanha da Arena Fonte Nova foi decorrente de vazamento nas instalações internas da estrutura. A própria administração do hospital realizou a contenção do vazamento”, disse a empresa.