DO FILHO QUE PERDEU A MÃE PARA A COVID-19
Na casa em que o administrador Júnior Lopes, 52 anos, cresceu, uma panela de feijão se multiplicava. “Se chegassem dez pessoas, comiam as dez”, lembra. A responsável pela ‘mágica’ era a dona de casa Vera, sua mãe, que ficou conhecida pela generosidade.
Júnior é o segundo de seis irmãos criados no bairro do Uruguai, na Cidade Baixa. Sempre foi muito próximo da mãe. Moravam no mesmo condomínio e tomavam café juntos quase todos os dias. “Graças a Deus, eu vivi muito o amor de minha mãe”, diz. Dona Vera morreu no dia 16 de março, vítima da covid-19.
Ela ainda não tinha tomado nenhuma das doses da vacina. Júnior, já vacinado por trabalhar em uma instituição de longa permanência para idosos, testou positivo para covid-19 alguns dias depois, mas só perdeu o olfato e o paladar.
“A coisa aconteceu muito rápido, em uma semana”, lembra. No final de semana, Vera tinha reclamado de dores. Na sexta-feira, foi internada. No dia seguinte, dona Vera já estava na UTI. Na segunda, Júnior e a irmã foram chamados ao hospital. Ao chegar lá, souberam que a mãe não resistiu.
Dois dias depois da partida de dona Vera, Júnior publicou um texto para ela. “Ainda vou chorar um pouco, pois a falta é grande. Ainda ontem, queria ter ouvido sua ligação me perguntando se iria tomar café. Me deu um vazio, mas um vazio tão grande”, escreveu.
A pedido do CORREIO, ele deixou outra mensagem para dona Vera, na qual fala sobre como foram os últimos dois meses sem ela.