Correio da Bahia

DA FILHA QUE GANHOU UMA FILHA EM MEIO AO LUTO

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O Dia das Mães se tornou uma data difícil para a estudante de Direito Maiquele de Jesus, 26, desde que perdeu a mãe, há cinco anos. No entanto, ela não imaginava que este domingo ganharia um novo significad­o. Em meio à tristeza pela morte de quatro pessoas da família por covid-19, em março, em Ilhéus, ela descobriu a maternidad­e.

A bisavó, a avó e a mãe da bebê Agnes morreram no intervalo de uma semana. O pai da menina, que ficou internado por cerca de 40 dias, morreu no dia 18 de abril. Agnes, que tinha apenas quatro meses, passou os primeiros dias com o avô. Depois, ela foi ficar sob os cuidados de Maiquele e Kelly, companheir­a dela, que é irmã do pai biológico de Agnes.

“A gente não imaginava o que ia acontecer”, lembra. Maiquele chegou a comentar com Kelly que, se a mãe estivesse aqui, sabe que iria amar a decisão das duas de cuidar da menina. “Sei que ela ia abraçar Agnes como uma neta mesmo, assim como nós a estamos abraçando como uma filha a partir de agora”.

Ela e dona Ivete sempre tiveram uma boa relação. Conversava­m sobre tudo; trocavam confidênci­as. “Acho que todo mundo fala isso da sua mãe, mas ela era aquela mãe que procurava fazer de tudo para me ver feliz”, lembra. Diabética, ela teve um derrame cerebral em 2015. Hoje, ela consegue enxergar em Agnes uma caracterís­tica de sua mãe: estar sempre sorrindo. “Mesmo sem saber o que está acontecend­o, ela me ensina muito”, afirma.

A jovem sempre quis adotar uma menina. O casal entrou com um processo pela guarda de Agnes, que fez seis meses.

“Com ela, tudo é um aprendizad­o diário. Todos os dias temos descoberta­s. Nossos planos são com ela. Em tudo, ela está incluída”, completa.

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