Correio da Bahia

‘CADA MORTE REATIVA UMA SENSAÇÃO DE AMEAÇA’

-

A morte do ator Paulo Gustavo, na última terça-feira, pesou para muita gente. Até quem conhecia pouco o trabalho do artista de Niterói, no Rio de Janeiro, sentiu a partida de um jovem de apenas 42 anos como se fosse alguém da família. No fundo, é como se as pessoas não acreditass­em, de fato, que Paulo Gustavo seria mais uma vítima da pandemia.

“A gente está vivendo um momento de muitas mortes evitáveis, então é uma sensação de ameaça que é reativada a cada morte dessas. É uma ameaça que vira concreta no caso da morte de uma pessoa pública, como Paulo Gustavo, porque a gente pôde acompanhar”, pontua a psicóloga Júlia Uchôa, especialis­ta em psicologia hospitalar e que estuda luto, perdas e traumas.

Ela explica que a pandemia tem sido uma grande experiênci­a de ameaça constante e que as pessoas vivem um luto compartilh­ado. “A gente está falando de uma sociedade que está toda enlutada. E, agora, com essas experiênci­as de morte que estão sendo tão escancarad­as, isso é um luto coletivo. Através da dor do outro, a gente chora e sofre as nossas dores”, afirma.

O desafio é se adaptar. A terapeuta acredita ainda que este é um momento em que as pessoas precisam se cuidar - e cuidar das outras. “Nós precisamos ser rede. Numa sociedade enlutada, todo mundo precisa cuidar um do outro: a gentileza, a empatia, tudo isso é importante”, diz. milhão é o recorde de doses aplicadas em um único dia no Brasil, em 13 de abril. Especialis­tas estimam que seriam necessária­s 2,5 milhões por dia milhões de doses foram aplicadas nos

Estados Unidos em 13 de abril, um recorde. O país saiu de mais de 4 mil mortes diárias para 789 na última quinta-feira da população dos Estados Unidos já foi vacinada e as mortes lá estão em queda pessoas morreram de covid-19 em Israel na última quinta. O país já vacinou 62,5% da população

Aqui pra nós. Você, um abençoado que finalmente tomou sua agulhada contra a covid-19, já recebeu mensagem daquela tia pessimista que passa o dia todo no zap dizendo que a vacina contra o coronavíru­s dá câncer ou poderia te transforma­r em Jacaré?

Pois bem, você não está só. Virou mais uma peste neste período de vacinação: as bocas de afofôs que jogam praga nos vacinados. Eles estão à solta por aí querendo agourar sua imunização.

Fernando Guerreiro é um exemplo disso. O artista baiano parecia um pinto no lixo de tanta alegria quando chegou sua vez de se vacinar, no início deste mês. Se emperiquit­ou todo para finalmente se tornar mais um ser humano imunizado contra a covid-19. Porém, mal a imunizante da Oxford se espalhava pelo corpo, o celular começou a tocar quase na mesma velocidade. Eram os urubus da covid-19 agourando. O cara entrou em pânico com o monte de coisas que ouviu dos amigos: reações horrorosas, vacinas vencidas, morte de Agnaldo Timóteo mesmo após tomar a mesma vacina que ele tomou... Um verdadeiro inferno!

“Fui todo feliz tomar a vacina e sai de lá no pânico. Precisava fazer umas compras depois da vacinação e fiquei com medo de cair duro no meio do mercado de tanta praga dos urubus da covid. Eu não acho que fazem por maldade, mas foram contaminad­os pelo vírus da fake news”, conta Guerreiro, que entrou em choque quando sentiu alguns sintomas após receber a vacina. “Eu até hoje fico com medo de ter um treco de tanta gente falando dos efeitos colaterais. Me falaram que até impotência pode dar, meu Deus! Sai pra lá, boca de afofô!”.

“A praga pega, viu? Senti um desconfort­o, fiquei meio febril, entrei em desespero. Pronto, morri. Fui pego pela praga dos urubus da covid-19. Mas foram sintomas leves e durou pouco. Até hoje fico esperando virar jacaré ou coisa do tipo”, completa o presidente da Fundação Gregório de Matos, que transformo­u o assunto em crônica para o jornal CORREIO, na série Fala, Guerreiro!, da última semana. Afinal, o que tem de verdade nessas pragas que os imunizados estão ouvindo por aí?

Primeirame­nte, o que Fernando Guerreiro sentiu foi absolutame­nte normal e não é uma particular­idade da vacina contra a covid-19. Basta abrir a caderneta de vacinação de alguma criança ou conversar com seu responsáve­l. Entre 0 e 10 anos, um indivíduo pode tomar até 19 vacinas, segundo o calendário básico do Ministério da Saúde. Boa parte delas, principalm­ente as injetá

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil