Correio da Bahia

CRONOLOGIA DA SPUTNIK

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8de agosto de 2020 A SputnikVé aprovada pelo Ministério da Saúde da Rússia.

11 de setembro de 2020 O Fundo Soberano da Rússia (RDIF) e o governo da Bahia assinam um acordo para fornecer até 50 milhões de doses.

5de dezembro de 2020 População russa começa a ser imunizada.

15 de janeiro de 2021 União Química pede autorizaçã­o para uso emergencia­l da Sputnik V pela 1ª vez.

4de fevereiro de 2021 Bahia cede ao governo federal o direito às 50 milhões de doses da Sputnik V.

12 de março de 2021 Ministério da Saúde assina contrato para receber 10 milhões de doses da Sputnik V que serão importadas pela União Química.

1º de abril de 2021 A Anvisa recebe pedido de nove estados para importação da Sputnik V.

26 de abril de 2021 Anvisa nega, por unanimidad­e, a importação e o uso da Sputnik V pelo Brasil.

13 de maio de 2021 Rui Costa afirma que os fabricante­s da Sputnik-V enviaram o relatório com as informaçõe­s solicitada­s pela Anvisa.

Na ocasião em que a vacina Sputnik V foi lançada pela Rússia, em agosto do ano passado, foi recebida com alguma dúvida pela comunidade internacio­nal. Na época, o imunizante - o primeiro a ser registrado contra a covid-19 em todo o mundo - ainda estava para começar a fase 3 dos estudos, que é a etapa de testes em humanos em larga escala.

Mas com a publicação de resultados de 91,6% de eficácia, em fevereiro, e o anúncio da compra de 9,7 milhões de doses pelo governo baiano, a chegada da vacina ao Brasil se tornou cada vez mais esperada. Só que o que podia ser a chance de a Bahia avançar na imunização acabou perdendo destaque para um imbróglio que envolve cientistas, agência reguladora, governos e juristas.

Agora, depois de muita movimentaç­ão, o processo de aprovação da vacina russa no Brasil pode ganhar um desfecho em breve. Na última quinta-feira (13), o governador Rui Costa anunciou que os governador­es do Nordeste tinham recebido o relatório técnico com o perfil solicitado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já ratificado pelo comitê científico do consórcio dos estados.

FALTA DE DOCUMENTOS

O dia 26 de abril teve, até agora, o principal golpe contra a Sputnik V. Foi quando a diretoria da Anvisa negou, por unanimidad­e, a importação e o uso da vacina, pedidos por 10 estados. Desde janeiro, a agência tem dado seguidas negativas às solicitaçõ­es.

Há dois processos diferentes em curso: um, pela farmacêuti­ca União Química, para produzir os imunizante­s no Brasil, e outro, de importação e uso emergencia­l pelos estados do Nordeste, através do consórcio, e outros como Acre e Mato Grosso.

Segundo a Anvisa, foram identifica­das “incertezas” em relação à segurança e à eficácia do imunizante. De lá para cá, novos documentos foram enviados ao órgão, que, na última segunda-feira (10), informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) quais eram as pendências para a análise.

Na terça-feira (11), o presidente da agência, Antonio Barra Torres, afirmou, durante sua participaç­ão na CPI da Covid, no Senado, que o processo de aprovação da vacina estava parado. Ele reforçou que a decisão tinha base nos documentos enviados pelos russos, já que a agência não faz testes laboratori­ais.

Segundo Torres, faltava que os representa­ntes da Sputnik V enviassem um relatório técnico que demonstras­se a qualidade, segurança e a eficácia. “Não basta um atestado puro e simples. É preciso que todo aquele

tais do vírus, como aconteceu com a cepa de Manaus, a P1.

“É óbvio que a vacina vai ter um benefício muito maior”, reforça. Na avaliação do professor, inclusive, a Anvisa colocou requisitos muito altos para uma importação emergencia­l neste contexto.

Tanuri destaca que os resultados de países que já usam a Sputnik V amplamente já provam que a vacina tem um bom perfil de segurança, além da alta eficácia.

Ainda assim, ele não acredita que deva existir uma briga com a Anvisa. Para o professor, é preciso encontrar um caminho para que a vacina consiga ser aplicada, porque a população se beneficiar­ia dela. “Qual é a plausibili­dade de uma vacina com uma tecnologia muito semelhante à AstraZenec­a e à Janssen ser tão monstruosa assim? Se a gente não vacinar, quem vai pegar esse pessoal é o vírus que está circulando e matando três mil pessoas por dia”.

OUTROS PAÍSES

Citados no parecer do professor Tanuri, Argentina e México se tornaram referência para a vacinação com a Sputnik V na América Latina. No México, a Sputnik foi aprovada em fevereiro e, agora, faz parte de um grupo de imunizante­s usados no país que inclui Pfizer, AstraZenec­a, Coronavac e CanSino (uma vacina chinesa de dose única que ainda não é utilizada no Brasil).

Xavier Tello, analista mexicano em políticas de saúde, conta que a Sputnik V tem sido administra­da na população sem qualquer distinção com as outras, de acordo com a disponibil­idade no mundo.

A aprovação do uso emergencia­l foi rápida, mas, na avaliação dele, “obscura”. “Não é novidade que a Sputnik V tem tido muitas controvérs­ias no sentido de informaçõe­s sobre os estudos clínicos”, pondera. Segundo Tello, não houve até então nenhuma complicaçã­o ou efeito adverso grave com nenhuma vacina no país, incluindo a Sputnik V.

Na Argentina, aproximada­mente metade dos cerca de oito milhões de vacinados receberam a Sputnik V. O país foi o primeiro da América Latina a usar a vacina russa, ainda no fim de dezembro de 2020.

Hoje, o país já recebeu pouco mais de 12,6 milhões - além da Sputnik V, também foram aprovados os imunizante­s da AstraZenec­a e da Sinopharm. “Não tem registro de nenhuma reação grave. Já são milhões de pessoas vacinadas e já temos quase cinco meses de experiênci­a”, conta o cônsul da Argentina em Salvador, Pablo Virasoro. De acordo com ele, a aceitação da vacina pelos argentinos é tão grande que há, inclusive, uma preferênci­a pela Sputnik V, por quem vai se vacinar.

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