PREVISÃO TEMPO
HOJE
QUARTA
eles vão continuar recebendo a oferta de água e alimentação no recinto por mais dois ou três meses e, pelo monitoramento do rádio colar, a gente vai acompanhar o deslocamento deles para saber se eles estão usando ainda o recinto ou se eles estão conseguindo caçar e se alimentar na natureza. A partir dessa avaliação, a gente reduz as ofertas de alimento no recinto até eles irem embora”, explica a bióloga e coordenadora do projeto pelo Parque Vida Cerrado, Gabrielle Bes da Rosa.
TRANSFERÊNCIA
Em Barreiras, os lobos-guará eram alimentados uma vez por dia e pesados uma vez por mês. Eles eram monitorados por câmeras, para o mínimo de contato possível com os seres humanos, e permaneciam sob os cuidados da médica veterinária Paula Damasceno e de Gabrielle.
Agora, a nova casa dos filhotes tem alta incidência de outros animais da mesma espécie. Ela foi monitorada por um ano antes de recebê-los. “A gente fez campanha de captura de lobos no ano passado, fizemos o check up dos animais capturados e não foi registrada nenhuma doença contagiosa que pudesse colocar em risco os filhotes. Então, essa área foi eleita como uma das prioritárias entre as diversas áreas do país para recebê-los”, diz a bióloga.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) estima que no Brasil existem 21.746 indivíduos adultos da espécie. Segundo Gabrielle, esses indivíduos vivem em situação precária. “Todos os anos, temos o registro de 3 a 12 animais mortos por atropelamento ou caça. São números que chegam aos órgãos ambientais. Essa é a importância de um evento de reintrodução como esse, que é raro no país. Faz parte de uma linha de ação que não beneficiará um único animal e, sim, uma espécie inteira, símbolo do Cerrado e maior canídeo das américas. A ação é de extrema importância para o manejo e conservação da espécie”.
PARQUE VIDA CERRADO
O Parque Vida Cerrado é o primeiro e único centro de conservação e educação socioambiental do oeste da Bahia e fica em área preservada de 20 hectares do bioma Cerrado, a savana mais rica em biodiversidade do mundo. O local possui criadouro científico para fins de conservação e não tem visitação livre do público, apenas monitorada, o que o diferencia dos zoológicos.
O Parque completou, em setembro, 14 anos de atividades e, atualmente, trabalha com 28 animais de nove espécies, sendo cinco delas ameaçadas de extinção.
O projeto com os lobinhos teve início no segundo semestre do ano passado. Na oportunidade, o Vida Cerrado foi escolhido, após acordo do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA).
O projeto tem apoio da Galvani Fertilizantes, Sementes Oilema, Irmãos Gatto Agro e Condomínio Agrícola Santa Carmem; e parceria do Instituto Pró-Carnívoros com transferência em expertise, ICMBio, CENAP, UNB e Inema.