TCU investiga licitações do Exército e da Aeronáutica
FORÇAS ARMADAS Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) determinaram a investigação da conduta de militares do Exército e da Aeronáutica que teriam agido para favorecer uma empresa de Brasília em uma licitação de compra de móveis de escritório. Um dos certames, conduzido por uma unidade do Exército, poderia alcançar a cifra de R$ 120 milhões.
As licitações investigadas pelo TCU foram promovidas pelo Grupamento de Apoio de Barbacena, unidade da Aeronáutica no município mineiro, e pela 11ª Brigada de Infantaria Leve do Exército, localizada em Campinas
(SP). Nesta última, o valor a ser adquirido pela União poderia chegar a R$ 120 milhões, segundo o TCU.
No caso da licitação do interior de São Paulo, o objetivo era formar uma "ata de registro de preços" - isto é, um documento oficial que permitiria a compra dos mesmos itens por vários órgãos federais, pelos preços ajustados e com a empresa vencedora. A ata contaria com 112 tipos de itens, como mesas, armários, gaveteiros, estações de trabalho, lixeiras, poltronas giratórias, cadeiras e sofás.
Na Aeronáutica, o pregão era para a compra de pouco mais de mil poltronas acolchoadas para um auditório, batizado em homenagem ao brigadeiro e ex-ministro da
Aeronáutica Eduardo Gomes (1896-1981). Neste caso, o valor foi estimado em pouco menos de R$ 1 milhão.
Além das suspeitas de irregularidades, o que une as duas licitações é a empresa vencedora. Ambos os certames foram vencidos por duas empresas de Brasília que têm os mesmos donos: a Forma Office e a Forma Style.
A reportagem procurou a empresa Forma Office, mas não houve resposta até a conclusão desta edição. Em seu site, a empresa afirma ter sido criada em 2008 por dois empresários - Gilberto Schoffen e Gil Campos - com "o objetivo de vender mobiliário de escritório de qualidade para as diversas repartições públicas existentes em Brasília".
O Ministério da Defesa disse ter encaminhado os questionamentos aos comandos da Aeronáutica e do Exército. O comando da Aeronáutica, por sua vez, disse que "não se pronuncia, por intermédio da imprensa, sobre qualquer relatório técnico ou acórdão do Tribunal de Contas da União, enquanto em processo de apuração".