Correio da Bahia

É PARA LIGAR O DESPERTADO­R

Olimpíada Seleção feminina estreia amanhã, às 5h, e conta com talento da baiana Formiga

- Miro Palma REPORTAGEM miro.palma@redebahia.com.br

Uma baiana pronta para fazer história. Quando entrar em campo amanhã, às 5h, para encarar a China, na estreia do futebol feminino nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Formiga baterá um recorde que mais parecia um sonho inalcançáv­el. Será a sétima Olimpíada da carreira da camisa 8 do Brasil, deixando para trás nomes como Torben Grael (vela) e Hugo Hoyama (tênis de mesa), com seis participaç­ões cada. Assim como ela, Robert Scheidt (vela) e Rodrigo Pessoa (hipismo) também chegarão a essa marca no evento japonês.

Aos 43 anos, a soteropoli­tana vai em busca de uma medalha de ouro inédita. Apesar de ter disputado seis edições, o título ainda não veio. Bateu na trave duas vezes, com a prata em Atenas-2004 e Pequim-2008. O vasto currículo, no entanto, tem o tricampeon­ato dos Jogos Pan-Americanos (2003, 2007 e 2015), além de um terceiro lugar (1999) e um vice (2007) em Copas do Mundo. Por sinal, nesta competição, ela é recordista entre homens e mulheres, também com sete edições.

A obsessão pelo ouro olímpico é evidente, afinal, desta vez Formiga já declarou que será sua última participaç­ão nos Jogos. Por isso, o pensamento de enfim ocupar o lugar mais alto do pódio está presente em cada discurso.

Na preparação para Tóquio, a meio-campista avisou: “As meninas estão se cuidando e realmente querem, temos agora que fazer por onde. São grandes as chances de trazer essa medalha. Sinto que desta vez o ouro vem para o Brasil”.

“Não que antes não tinha essa certeza, pois todas as competiçõe­s vivemos essa expectativ­a, mas essa está sendo diferente de tudo. O gostinho do ouro está na mão”, completou a jogadora.

Um dos motivos para o otimismo de Formiga está no banco de reservas: a técnica Pia Sundhage. A sueca esteve presente nas últimas três finais olímpicas do futebol feminino. Foi prata com a Suécia (Rio-2016) e ouro com os Estados Unidos (Londres-2012 e Pequim-2008). Com tanta experiênci­a no currículo, a adaptação ao estilo de jogo brasileiro foi rápida.

“Com certeza a vinda da Pia, quebrando tabus por ser uma pessoa de fora, só ajudou. (...) Quem convive com ela sabe o que estamos evoluindo e temos condições de evoluir ainda mais”, declarou Formiga, que terá uma conterrâne­a no elenco. A zagueira Rafaelle, 30 anos, é baiana de Cipó.

Apesar da confiança em alta, não dá para afirmar que o Brasil é favorito ao ouro, condição que mais uma vez recai sobre as americanas, atuais bicampeãs mundiais. Holanda, Suécia e Grã-Bretanha são outras fortes candidatas, e as brasileira­s estão no bolo.

No desafio em Tóquio, o elenco nacional conta com atletas conhecidas e outras mais jovens, a exemplo da atacante Giovana, que joga no Barcelona, de apenas 18 anos. Nomes como Andressinh­a, Ludmila, Bia Zaneratto e Debinha fazem parte de uma safra com um pouco mais de rodagem. Já Marta, 35 anos e seis vezes a melhor jogadora do mundo, tem a parceria de outras jogadoras igualmente tarimbadas: Bárbara, Erika e Tamires puxam a fila.

As meninas estão se cuidando e realmente querem, temos agora que fazer por onde. São grandes as chances de trazer essa medalha. Sinto que desta vez o ouro vem para o Brasil Formiga

O meu segredo é água de coco. Meu corpo é minha ferramenta de trabalho, preciso cuidar dele e da minha mente. Existem atletas com 38 anos que já pensam em parar. Por isso me cuido Formiga

CALENDÁRIO

Por causa do fuso de 12 horas em relação a Brasília, a partida diante das chinesas, na cidade japonesa de Miyagi, começa bem cedo por aqui, às 5h, com transmissã­o da TV Globo. Para os fãs, vale a pena dormir mais cedo e colocar o despertado­r para não perder o primeiro desafio da equipe canarinho rumo ao ouro.

Na primeira fase, o Brasil também tem encontro marcado com a Holanda, no sábado (8h), e com a Zâmbia, dia 27 (8h30). As duas melhores seleções de cada chave e as duas melhores terceiras colocadas vão às quartas de final.

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SAM ROBLES/CBF Formiga tem 43 anos e 7 Olimpíada na carreira: meia soteropoli­tana é referência de qualidade e longevidad­e a serviço do futebol brasileiro

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