Correio da Bahia

A BOFETADA É O MAIOR SUCESSO DA CIA BAIANA DE PATIFARIA E ESTÁ NOS PALCOS HÁ 29 ANOS

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so espetáculo depende do contato, da presença, tem interação do início ao fim”, disse Lelo Filho.

A conversão do Casarão 15 em espaço cultural aconteceu após a Cia Baiana de Patifaria ser contemplad­a no Mapa Cultural em 2020, via Lei Aldir Blanc, com um financiame­nto de aproximada­mente R$ 30 mil. Para manter as atividades da casa e da companhia sem muitos problemas, Lelo estima que seriam necessário­s R$ 10 mil por mês. Além dos salários de 9 funcionári­os fixos, também há os custos com eventuais produções e com a manutenção do Casarão.

“A adaptação para enfrentarm­os os tempos difíceis durante a pandemia e a necessidad­e de isolamento contou com uma verba do Mapa Cultural à qual outras sedes e espaços culturais também tiveram direito. De lá apresentam­os, virtualmen­te, Fora da Ordem, e fizemos transmissõ­es gravadas de outras 6 montagens da Cia Baiana de Patifaria. Algumas lives foram realizadas, mas nosso Casarão infelizmen­te terá que fechar as portas”, lamentou Lelo.

RISCO

Segundo Lelo, o futuro da Companhia está em risco. Ele afirmou que tentará produzir uma temporada de Verão do espetáculo A Bofetada, maior sucesso da companhia, mas acredita que seja inviável porque os custos dificilmen­te serão cobertos com os teatros funcionand­o com público reduzido e com a necessidad­e de cumprir todos os protocolos sanitários contra o coronavíru­s.

“Sempre tentamos ser independen­tes dos editais, em todos esses anos fomos por essa linha e é uma história que tenho muito orgulho de ajudar a trilhar. Conto nos dedos quantas vezes tivemos a palavra patrocínio no vocabulári­o. No entanto, antes a gente conseguia trabalhar até 5 dias por semana e aí gerava caixa para essa independên­cia. Hoje, foi descendo para 2 dias, às vezes um dia, e com essa questão da pandemia ficaria ainda mais difícil de equacionar”, contou.

Os figurinos e todo o acervo que estava no Casarão 15 será alocado no espaço Boca de Cena e em espaços vinculados a parceiros da companhia, até que a gestão encontre um outro local para guardar todo o material.

“A Cia foi independen­te de verba pública e privada durante longos anos, mas a pandemia nos apresentou uma realidade difícil de enfrentar. A nossa invisibili­dade diante quem poderia fazer a diferença é distópica. Fica aqui o nosso desejo para que os gestores de cultura e as comissões formadas por ‘integrante­s da sociedade civil’, não deixem que mais nenhum grupo encerre suas atividades. Que mais nenhum teatro feche. Pois é isso que os que agora nos desgoverna­m mais desejam”, disse Lelo na publicação que veiculou.

HISTÓRIA

A trajetória do grupo começou em 1987, graças aos atores Moacir Moreno e Lelo Filho. A primeira peça de teatro feita pela trupe foi Abafabanca, que estreou naquele mesmo ano e ficou 10 meses em cartaz. De lá pra cá, são oito peças no repertório: além de Abafabanca e A Bofetada, Noviças Rebeldes, 3 em 1, A Vaca Lelé, Capitães da Areia, Siricotico e Fora da Ordem com diferentes formações de elenco.

A Bofetada é o grande sucesso e está nos palcos há 29 anos, viajou a 54 cidades brasileira­s, conta com personagen­s emblemátic­as como Fanta Maria, interpreta­da pelo próprio Lelo, e que ficou famosa no dia a dia da cidade com seus bordões tipo “É a minha cara!”, “Momento lindo, maravilhos­o!”, “Adoro, adoro!” e “Evite contrariar o ser humano”. A direção original é de Fernando Guerreiro, atual presidente da Fundação Gregório de Matos.

Pesquisado­r do teatro baiano, o jornalista Marcos Uzel acompanhou toda a trajetória da Cia Baiana de Patifaria enquanto trabalhava como articulist­a e crítico teatral. Ele se disse surpreso com a notícia, que classifico­u como “terrível e absurdo que aconteça”, por conta da importânci­a e longevidad­e da Cia no teatro baiano.

“A Bofetada, que é a peça mais popular da história do teatro baiano, era uma parabólica do cotidiano da cidade. O público adorava brincar com as personagen­s. Não existe, na história do teatro baiano, uma personagem tão popular quanto Fanta Maria. Essa aproximaçã­o do público, as plateias sempre lotadas. A Cia sempre tentou se reinventar. É importante que as secretaria­s de cultura e o próprio setor privado se movimentem para garantir a existência dessa instituiçã­o tão necessária”, disse.

Segundo Uzel, que é doutor e mestre em Cultura e Sociedade pela Ufba, os trabalhos da Companhia Baiana de Patifaria ajudaram a populariza­r o teatro e mudaram de uma vez por todas a relação entre público e artistas.

O futuro da Cia Baiana de Patifaria é uma grande incógni ta. Vamos fechar a sede porque temos uma dívida gigante, não temos con dição de arcar. Tudo isso aconteceu dentro de uma pandemia em que precisamos atender a protocolos de saúde e reduzir o contato com a plateia. Lelo Filho Ator e diretor da Cia Baiana de Patifaria

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O espaço cultural Casarão 15, na Barra, será fechado

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