Correio da Bahia

PEC dos Precatório­s passa no Senado

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COM SOBRAS O Senado aprovou ontem a Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) dos Precatório­s, que abre caminho para o governo implantar o programa Auxílio Brasil com um benefício de R$ 400 a partir deste mês, às vésperas de ano eleitoral.

O texto foi alvo de críticas por adiar a partir do próximo ano o pagamento de precatório­s, que são dívidas reconhecid­as pela Justiça, e por mudar a regra de cálculo do teto de gastos, a principal âncora fiscal do país. Apesar disso, o governo conseguiu os votos favoráveis no Senado, até mesmo na oposição, incluindo o PT. Foram duas votações. No primeiro turno, o placar foi de 64 a 13; no segundo, de 61 votos a 10.

A PEC abre um espaço de R$ 106,1 bilhões para novas despesas no Orçamento de 2022. Senadores chegaram a falar em uma "farra eleitoral" no ano que vem, quando Bolsonaro tentará a reeleição. Por isso, o Senado alterou a redação para "carimbar" a destinação dos recursos ao Auxílio Brasil e para despesas com saúde, Previdênci­a e assistênci­a social. De acordo com especialis­tas, a vinculação não garantiria esse limite, pois as despesas podem ser manejadas no Orçamento, mas os senadores críticos à PEC acreditam que haverá um compromiss­o maior com programas essenciais.

As mudanças promovidas pelo Senado criaram um impasse com a Câmara e levantaram dúvidas sobre a promulgaçã­o da medida. Como os senadores fizeram modificaçõ­es no texto, por regra a PEC teria de voltar para a análise dos deputados. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressis­tas-AL), afirmou que vai propor que o Congresso faça uma "promulgaçã­o parcial" da PEC.

O regimento permite que o Congresso promulgue apenas os trechos que já foram aprovados sem mudança pela Câmara e pelo Senado. Os artigos que foram alterados, neste caso, seguiriam tramitando de forma paralela. A análise das modificaçõ­es feitas pelos senadores na Câmara só deve ocorrer em 2022, segundo Lira.

Senadores independen­tes e de oposição que articulara­m as mudanças na PEC dos Precatório­s com o governo já afirmaram que são contra esse "fatiamento" do texto.

O parecer aprovado vinculou o espaço fiscal aberto com o limite no pagamento dos precatório­s (uma folga de R$ 43,8 bilhões no próximo ano) às despesas com o novo programa social e gastos relacionad­os à seguridade social.

A folga aberta pela mudança do cálculo do teto de gastos em 2022, calculada em R$ 62,2 bilhões, também ficou vinculada e será destinada somente às despesas com a aplicação de programas sociais e gastos com saúde, Previdênci­a e assistênci­a social. Com as vinculaçõe­s, o governo conseguiu o apoio das maiores bancadas do Senado. Até o PT, maior partido de oposição ao governo Bolsonaro, orientou de forma favorável.

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WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO Foram duas votações da PEC dos Precatório­s no Senado Federal. No primeiro turno, o placar foi de 64 a 13; no segundo, de 61 votos a 10

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