Sair da pandemia não será tão ‘fácil’ como queremos
COVID-19 A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou na sexta-feira (3) que todos os países do mundo devem se preparar para um aumento de casos de covid causados pela variante Ômicron, detectada pela primeira vez na África do Sul. A nova cepa já foi identificada em mais de 30 países e pelo quatro deles - Espanha, EUA, Reino Unido e Austrália - já enfrentam transmissões comunitárias.
A ômicron chega num momento em que as pessoas, em boa parte dos continentes, já estava em momentos diferentes de uma reabertura. Na Europa e Estados Unidos, o uso de máscaras em locais abertos já não era obrigatório e havia traços de uma vida quase normal. No Brasil, festas de réveillon e Carnaval já estavam - e algumas ainda estão certas, incluindo algumas de rua. Mas o SarsCov2 e suas mutações estão mostrando que superar a pandemia não vai ser tão ‘fácil’ assim.
Lá em março de 2020, quando a OMS declarou que vivíamos uma pandemia, muita gente achava que talvez em três ou quatro meses, no máximo, tudo voltaria a ser como era antes. Algumas decisões, um procedimento médica não-urgente, poderiam esperar acabar a pandemia, só por precaução.
O tempo e a ciência foram mostrando porque os vírus são organismos tão complexos não na sua composição, mas em sua capacidade de adaptação e mutação. O mundo foi apresentando aos conceitos de cepa ou variante, proteína spike, vacina RNA, entre outros. Com o crescimento da vacinação, a sensação era de que poderíamos voltar à normalidade, quem sabe, em 2022. Estudar e trabalhar fora de casa, frequentar festivais de música, viajar, cumprimentar ‘estranhos’ com dois beijinhos e compartilhar experiências. Esqueceram de avisar ao vírus.
A fragilidade humana e da nossa economia, a desigualdade social no mundo e os diferentes entendimentos sobre a importância da vacinação deixarão a pandemia em ciclos caso não haja mudanças.
Apesar de os registros já mostrarem um primeiro caso na Holanda, a ômicron foi descoberta na África do Sul e está ficando marcada como a ‘variante africana’. A maior preocupação das autoridades do país é com a baixa cobertura vacinal, que está atualmente em 36%, de acordo com o Departamento de Saúde. O temor é de que mais variantes surjam em um cenário de baixa vacinação e alta transmissão do vírus.
Enquanto a vacinação já passa dos 50% em quase todos os outros continentes - América do Sul (56%), América do Norte (54%), Europa (58%), Ásia (48%) e Oceania (54%) -, na África ela está em 7%.
Se o nome é pandemia, ela está em todo o planeta. Sem que o vírus seja eliminado, ou ao menos tenha sua dissipação reduzida, em todos os continentes, o mundo sempre estará à beira de um novo caos.
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