Correio da Bahia

24h PÁGINA TRÊS

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Regentes dos ventos e tempestade­s, Santa Bárbara e a orixá Iansã são as homenagead­as em exposição artística na casa 559, em Santo Antônio Além do Carmo, que anualmente presenteia Salvador com a decoração e a reza pública, cantada no ritmo do ijexá, para Santo Antônio. As duas divindades são representa­das na exposição como duas senhoras que vestem vermelho, unidas na fé do povo, enaltecend­o a força e beleza femininas. No local, os devotos vão encontrar um altar dedicado a Santa Bárbara, decorado com rosas vermelhas de papel e uma réplica da sua procissão que, antes da pandemia, saía em cortejo pelo Centro Histórico, com as imagens de Cosme e Damião, São Jorge, São Sebastião, São Miguel Arcanjo, São Lázaro, São Roque e São Jerônimo abrindo o caminho para a guerreira e mártir da Igreja Católica passar.

O responsáve­l pela exposição, Rodrigo Guedes, 33 anos, florista, homenageia o sagrado através da arte nas suas múltiplas formas de expressão. A tradição de homenagear os santos dentro de sua família é muito antiga, passada de geração em geração. A casa da exposição é onde a avó do artista vive e onde, desde que ele nasceu, eram realizados rituais e celebraçõe­s para homenagear as divindades do catolicism­o no local. Foi assim que surgiu, há 15 anos, a reza pública cantada que atualmente é realizada todos os anos em 13 de junho, dia dedicado a Santo Antônio.

“Essa casa é conhecida pela reza pública de Santo Antônio, então a sala da casa de minha avó fica aberta para que as pessoas possam vir celebrar conosco o sagrado. Ano passado a gente não pôde abrir, mas não deixamos de fazer, nos adaptamos e fizemos algo mais simples”, contou o artista. “Eu quero passar essa tradição para as outras pessoas com minha arte e mantê-la viva. Tudo que eu aprendi foi em casa com minhas avós, principalm­ente a confeccion­ar altares para Santo Antônio. Depois, fui fazendo pouco a pouco em outros lugares, mas sempre primeiro em casa. Então, hoje, trazer esses santos de devoção popular para casa, como eu aprendi, dentro de uma pandemia, é voltar às nossas origens”, declarou.

O florista explica que sua família nunca teve o costume de celebrar os orixás celebrados na Bahia nas mesmas datas

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