Correio da Bahia

MEDIDAS DE PREVENÇÃO DEVEM CONTINUAR

- /www.correio24h­oras.com.br

Com a vacinação desigual, a possibilid­ade de surgirem novas variantes aumenta. Por isso, ainda que a localidade onde você vive tenha uma alta cobertura de imunização contra a covid-19, a orientação dos especialis­tas é não deixar de adotar as outras medidas de prevenção contra o vírus.

“Não é hora de desobrigar o uso de máscaras, não só em ambientes fechados, mas também em ambientes abertos. Mesmo em ambientes abertos, se tiver aglomeraçã­o, como estádios de futebol ou feiras, é importante seguir fazendo essas medidas enquanto não atingimos índices maiores”, defende a biomédica e neurocient­ista Mellanie Fontes-Dutra, coordenado­ra da Rede Análise Covid-19.

Entre os estados que debatiam a liberação de máscaras em espaços abertos, o governo de São Paulo anunciou, na última quinta-feira, que suspendeu a medida. A liberação estava prevista para entrar em vigor no próximo dia 11, mas o comitê científico do estado fez a recomendaç­ão de voltar atrás depois que três casos da variante Ômicron foram confirmado­s lá.

A preocupaçã­o dos cientistas e profission­ais de saúde agora é que o abandono às medidas de proteção comprovada­mente eficazes faça com que todo o avanço conquistad­o até então acabe se perdendo. “A gente tem tido avanços no que se refere à diminuição da letalidade também por causa da vacinação, só que isso tudo pode cair por terra. Isso se refere também à baixa cobertura vacinal; não adianta ter tomado só a primeira dose”, reforça a epidemiolo­gista Joilda Nery, doutora em Saúde Coletiva e vice-diretora do Instituto de Saúde Coletiva da Universida­de Federal da Bahia (Ufba).

A vacinação deve continuar sendo combinada com as estratégia­s de prevenção como o uso de máscaras, evitar aglomeraçõ­es e garantir o distanciam­ento social. “Se a gente entra numa falsa normalidad­e de que não precisa usar máscaras porque está vacinado e começa a aglomerar de novo sem a devida cobertura, joga todo o esforço por água abaixo”, acrescenta.

Além disso, ela defende que é preciso ter atenção especial às fronteiras. Até hoje, o Brasil não adotou um passaporte vacinal para visitantes estrangeir­os. “A gente tem que avaliar com muito cuidado nossa baixa capacidade de testagem, porque temos casos também silencioso­s. Se temos ampla difusão de máscaras, por que não continuar usando?”, reforça.

Enquanto tem marmanjo que ainda não sabe a diferença entre lixo orgânico e reciclável, a baiana Catarina Lorenzo defende uma área ambiental em Salvador, é embaixador­a da ONU no Brasil, já discursou ao lado da ativista Greta Thunberg nos Estados Unidos contra as mudanças climáticas e ainda tem tempo de ser surfista e estudante. Isso tudo com apenas 14 anos.

Com tantos engajament­os, foram necessária­s duas semanas para conseguirm­os bater um papo com a ativista. Entre semana de provas, treinos no mar e protestos em prol da causa ambiental, Catarina nos atendeu com a alegria de uma menina amante da natureza, mas de ideias firmes sobre o mal que a humanidade está fazendo ao planeta.

Quando você percebeu a importânci­a de defender as causas ambientais?

Desde pequena eu tenho defendido estas causas ambientais. Nasci e cresci dentro de uma área de Mata Atlântica chamada Vale Encantado [em Patamares], onde meus avós e pais já estavam nessa luta, inclusive impedindo a destruição de uma lagoa que seria aterrada para colocarem uma pista de asfalto. Queremos transforma­r o lugar no primeiro refúgio da vida silvestre em Salvador. Precisamos de áreas como esta, com urgência. Esta luta que estou assumindo é muito antiga, esta zona de Mata Atlântica ainda corre muito perigo. Só precisamos da assinatura do prefeito para a criação deste decreto.

Falando nisso, praticamen­te não existem rios ou lagos limpos em Salvador.

Meu interesse na luta ambiental também envolve isto. Além da luta pela proteção do Vale Encantado, também participo de vários protestos contra a canalizaçã­o de rios, as limpezas de praias, tudo que envolva proteção ambiental. Isso vem de berço. Meus pais me ensinaram que não somos nada sem o meio ambiente, precisa cuidar e viver junto com a natureza. Além disso, meus pais sempre me criaram muito solta, correndo no mato, subindo em árvore… Me acostumei a ver meu pai parando o trânsito para tirar uma cobra da pista.

Estão faltando mais jovens nesta luta ambiental?

Não apenas os jovens. As pessoas acham que o ativismo é algo complexo. Não é. Na verdade, podemos fazer este ativismo no nosso dia a dia. Pode não, deve. O ativismo é lutar por uma causa que a gente acha que precisa de nossa atenção.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil