Correio da Bahia

POR KÁTIA NAJARA

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Até muito recentemen­te eu não gostava de parabéns. Nem de cantar (ou melhor, de bater os parabéns, como se diz aqui no nordeste) e muito menos de recebê-los. Ficava sem graça nas duas ocasiões, não conseguia fitar as pessoas, e achava um saco parar tudo no melhor da festa e mobilizar todo mundo para aquela “obrigação” dos parabéns.

E aquele desperdíci­o de bolo? Porque a gente calcula o tamanho do bolo pelo número de convidados, sem considerar: 1) aquelas pessoas que passam a vez porque não fazem questão ou estão de dieta; 2) aquelas que comeram tanto salgadinho e carcaram tanto o dente na mardita que quando veem o bolo chega a dar ginge; 3) as que vão embora antes.

Daí é um tal de catar tapauer para o povo levar, ou quando nada, é um pratinho emborcado em cima do outro equilibrad­o na mão até em casa. E ainda assim a gente abre o congelador um mês depois e descobre que não demos vencimento e ele ainda tá pra game.

Tô dizendo que é para diminuir o tamanho do bolo? Não tô. Mas não mesmo, porque hoje em dia eu entendo a simbologia do bolo.

A GLACE É DE QUÊ?

Eu comecei a suspeitar que tinha alguma coisa errada por trás desse meu mal-estar na hora do bolo quando o meu filho fez um ano e eu tentei demover a família dos parabéns. Veja que sacrilégio, que arrogância, que pessoa sem noção, e calcule o tamanho do iceberg pela ponta.

Afinal de contas quem sou eu na fila da hóstia para derrubar uma tradição que faz brilhar os olhos das avós e que independen­te das minhas questões pessoais, são momentos importantí­ssimos na vida de uma criança, ainda que seja um bolinho de ovo do primeiro mêsversári­o. E que direito eu tinha de questionar sequer a finalidade do mêsversári­o? Por que dizer não a todo e qualquer momento de celebração à vida em família?

Foi a minha cunhada e comadre Manza (teve filho, cunhada e sogra é para sempre, e no meu caso, que bom!), que acendeu essa luz no porão da minha infância quando me disse “Katita, vai ser tão importante para Bê quando mais velho poder olhar para a sua infância e ver todo esse amor ao seu redor a cada novo ciclo”.

Foi quando comecei a “olhar para isso”. E todas as vezes que vejo o meu filho buscando e percorrend­o com olhos curiosos e felizes os seus álbuns de retratos, eu agradeço àquela cabôca que tanto amo.

A glace era de traumas.

CAMADAS DE TERAPIA, ASTROLOGIA E BABA DE MOÇA

Não que eu tenha começado a fazer terapia para descobrir qual

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