Meu pet não voltou para casa
Negligência Morte de animal em resort para bichos em Lauro de Freitas alerta para os cuidados com esse tipo de hospedagem
Há quatro anos, a jornalista Thais Borges entrou em um pet shop só para comprar ração para o peixe do namorado, sem saber que sairia de lá com um pet que mudaria por completo sua rotina. O olho bateu de imediato em um cercado de mini coelhinhos e ali, um bichinho chamava atenção, a única com pelugem diferente em meio aos outros da ninhada. “A maioria deles eram coelhinhos branquinhos, mas eu olhei para ela com aquele pelo cor de mel e só me apaixonei por aquele animalzinho. Tinha certeza de que eu ia levá-la para casa”, conta a tutora da coelhinha que já desfilou de Mulher Maravilha em evento pet, era fã de banana e acumulava mais de 9 mil seguidores no Instagram (@quemvaiecoelho).
No entanto, Thais nunca imaginou que, após a sua primeira viagem desde o início da pandemia, chegaria em casa sem Nicinha. A coelhinha da raça lionhead morreu na última segunda-feira (29), após ser deixada pela tutora na clínica veterinária e hotel para animais de estimação Jack's Pet Resort (@jackspetresort), em Lauro de Freitas. Ela pagou R$ 337,62 por seis diárias. Antes de retornar a Salvador, a jornalista conta que recebeu uma ligação da sócia do estabelecimento dizendo que tinha uma notícia “muito ruim” para dar.
“Ela me falou que minha coelha tinha ido a óbito. Primeiro, disse que não sabia o que tinha acontecido, que o lugar onde ela estava as câmeras não pegavam. Depois, uma das sócias admitiu que Nicinha foi encontrada fora do cercado, lambida e com falhas no pelo, já morta, às 5h40 da manhã. Só fui comunicada seis horas depois. Eles nem sabem o quanto essa coelha significa para mim. Nicinha não era apenas um animal, não era só uma coelha, era minha filha”, lamenta Thais.
Uma das sócias, Jéssica Gaspar, conhecida como a Menina dos Pets (@meninadospets), chegou a publicar no seu perfil uma nota de esclarecimento onde pede desculpas à tutora e diz que a morte de Nicinha foi um caso isolado. Porém, logo depois do post, a página de Jéssica sumiu do Instagram, assim como fotos postadas no perfil do Jack's. Os comentários da página da empresa também foram bloqueados.
Além da coelhinha, Thais chegou ao resort com dois cachorros da raça shit-su, porém, voltou para casa sem um dos bichinhos que fazem parte da sua família. Após a denúncia de negligência e prints vazados de conversas no grupo de funcionários do resort, o caso ganhou repercussão nas redes sociais. Apesar de triste, a morte de Nicinha acendeu o alerta dos tutores para os cuidados na hora de escolher um local em que possa deixar pets em segurança, principalmente nessa época de fim de ano, quando a procura por esse tipo de serviço aumenta bastante. “O animal pode ir a óbito enquanto estiver na hospedagem por diversos motivos. O serviço será responsabilizado se houver a comprovação de que o fato ocorreu por negligência, o que pode ser verificado por meio de filmagens e de exame de necropsia e reforçado pela análise do comportamento dos responsáveis pelo estabelecimento no caso de alguma ocorrência”, destaca a advogada especialista em Direito Animal e diretora executiva da Comissão de Direito Animal da Ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), Graça Paixão.
O resultado da análise da necropsia da coelha Nicinha pelo Hospital de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (Ufba) deve ficar pronto nos próximos 30 dias. “O artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais afirma que maus-tratos a animais é crime,