Correio da Bahia

TIROS, ARMA NA SEÇÃO E RACISMO NA VOTAÇÃO

Eleição Domingo teve tensão nos bairros de São Caetano, Periperi e Stiep em Salvador

- Bruno Wendel REPORTAGEM bruno.wendel@redebahia.com.br

O clima foi de tensão em pelo menos duas zonas eleitorais de Salvador. Na 15ª, um homem que usava uma camisa nas cores verde e amarelo atirou contra um grupo de pessoas que defendia outro partido no momento em que elas chegavam para votar no Colégio Estadual Edson Carneiro, em São Caetano, ontem pela manhã. E em Periperi, mesários ficaram apavorados quando um eleitor chegou com uma arma na cintura.

Já no Stiep, um homem foi detido por racismo contra uma mesária que teria sido chamada por ele de “negra incompeten­te”.

Os tiros disparados em São Caetano acontecera­m por volta das 9h, em frente ao Colégio Estadual Edson Carneiro, situado no Largo da Argeral. “Eram dois homens que vestiam verde e amarelo, mas apenas um atirou contra as pessoas que defendiam outro ideal político”, declarou Anilton Alcântara, coordenado­r da 15ª Zona Eleitoral.

Segundo ele, uma senhora de 85 anos ficou ferida. “Ela usava bengala. Na hora da correria, acabou caindo e partiu a boca. Acolhemos ela, e os parentes vieram e a levaram para uma unidade médica”, contou Alcântara.

Outras duas pessoas que também chegavam para votar passaram mal. “Eram também duas senhoras. Elas tinham problema de pressão, os parentes vieram buscá-las. Mas na hora foi um pânico total, porque as pessoas correram para se proteger dentro do colégio”, disse o coordenado­r da 15ª Zona.

O episódio não gerou problema para a votação, que transcorre­u ao longo do dia. “Apesar disso, não houve prejuízo para a zona, as pessoas estão votando. A Polícia Militar e a Civil estiveram aqui e, depois do ocorrido, estamos com dois PMs de prontidão na porta do colégio”, declarou Alcântara, pouco depois do ocorrido.

O fato foi registrado na 4ª Delegacia. Na ocorrência consta que policiais foram acionados para a situação de disparo de arma de fogo dentro do colégio, mas foi constatado que houve “uma briga eleitoral generaliza­da” e que uma senhora “para não ser atingida” acabou caindo e ficou ferida. Ninguém foi detido.

Alguns mesários do colégio Edson Carneiro já chegaram para trabalhar apreensivo­s. “A gente fica tenso com essa polarizaçã­o da política, e essa região é conhecida por tiroteios constantes. Tudo isso deixa todos nós com medo”, disse uma mesária, que preferiu não se identifica­r.

ARMADOS E RACISMO

No Colégio Estadual Nelson Mandela, na 4ª Zona Eleitoral, em Periperi, um homem entrou para votar armado. Seria supostamen­te um policial. “Ele estava à paisana, de short e camiseta. A arma estava na cintura e é proibido, mesmo sendo policial. O risco era de ele se envolver numa briga e sair atirando”, declarou o mesário Jorge Brito.

Já na 19ª Zona Eleitoral, no Caminho de Areia, o clima era de tranquilid­ade. “Graças a Deus, a grande maioria dos eleitores faz parte da própria comunidade e por isso já conhecemos. Não vi ninguém comentando nada. Nós contamos ainda com um policiamen­to na porta da escola e acredito que isso também intimida”, disse a coordenado­ra do local, Diomar Reis.

Em Ibotirama, no oeste baiano, um guarda municipal foi conduzido por porte ilegal de arma de fogo. O servidor público, que não teve o nome divulgado, foi detido depois de adentrar a cabine de votação com o revólver, o que é proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral, exceto para profission­ais em serviço.

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BRUNO WENDEL Colégio Edson Carneiro, em São Caetano, onde houve tiro na porta
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REPRODUÇÃO Eleitor (de amarelo) é conduzido por policiais a uma delegacia por acusação de racismo a uma mesária

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