Correio da Bahia

O VOTO DO BRASIL PELO MUNDO

Milhares de brasileiro­s fizeram filas em várias partes do mundo para garantir o voto

- Das Agências REPORTAGEM correio@redebahia.com.br

Com 87,78% das urnas no exterior apuradas até as 21h20 do domingo de primeiro turno da eleição, o candidato Lula (PT) estava liderando a votação no exterior e registrand­o 47,15% dos votos. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), divulgados pela CNN.

Até então, nos municípios estrangeir­os com 100% das seções eleitorais apuradas, o petista venceu em 43. Entre as cidades em que o petista foi líder estão Barcelona, Estocolmo, Munique, Pequim, Roma e Zurique.

Jair Bolsonaro, por sua vez, venceu em 21 cidades, das quais se destacam Abu Dhabi, Atenas, Doha e Hong Kong (veja abaixo a lista).

Ao todo, 697.084 brasileiro­s que moram no exterior estavam aptos para votar para escolher o próximo presidente do Brasil. Quem vive em países estrangeir­os só pode votar para esse cargo. O número de eleitores aptos é 39,21% maior que o registrado nas eleições de 2018.

Em 2022, os brasileiro­s puderam escolher o chefe do Executivo em embaixadas, consulados e repartiçõe­s diplomátic­as espalhadas por 159 cidades de 97 países.

Nessas eleições, o Brasil atingiu o recorde de cidadãos aptos a votar: 156,4 milhões. O número de eleitores no exterior equivale a 0,45% deste valor.

CIDADES DE LULA

Confira as cidades onde Lula

venceu: Amã (Jordânia), Bangkok (Tailândia), Barcelona (Espanha), Beirute (Líbano), Bratislava (Eslováquia), Bruxelas (Bélgica), Bucareste (Romênia), Budapeste

(Hungria), Cairo (Egito), Canberra (Austrália), Cidade do Cabo (África do Sul), Copenhague (Dinamarca), Córdoba (Argentina), Dacar (Senegal), Dublin (Irlanda), Estocolmo (Suécia), Faro (Portugal), Frankfurt (Alemanha), Helsinque (Finlândia), Istambul (Turquia), Kuala Lumpur (Malásia), Liubliana (Eslovênia), Montevidéu (Uruguai), Munique (Alemanha), Nairóbi (Quênia), Nova Delhi (Índia), Oslo (Noruega), Pequim (China), Port of Spain (Trinindad e Tobago), Praga (República Checa), Praia (Cabo Verde), Rabat (Marrocos), Ramallah (Palestina), Riade (Arábia Saudita), Roma (Itália), Rotterdã (Holanda), Santiago (Chile), Seul (Coreia do Sul), Singapura Talín (Estônia), Varsóvia (Polônia), Xangai (China), Zurique (Suíça).

CIDADES DE BOLSONARO

Confira as cidades onde Bolsonaro venceu: Cidades onde Bolsonaro venceu: Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), Artigas (Uruguai), Assunção (Paraguai), Atenas (Grécia), Cantão (China), Cochamba (Bolívia), Doha (Catar), Encarnació­n (Paraguai), Georgetown (Guiana), Hartford (EUA), Hong Kong e Jacarta (Indonésia), La Paz (Bolívia), Maputo (Moçambique), Mendoza (Argentina), Paramaribo (Suriname), Pedro Juan Caballero (Paraguai), Pretória (África do Sul), Salto del Guairá (Paraguai), São Domingos (República Dominicana), Taipé (China).

Hoje os eleitores poderão restabelec­er o primado da civilidade nas relações políticas nacionais. Os bons modos evitam brigas de conveniênc­ia e quando as crises entram no palácio, saem menores. Quando há elegância no convívio, o impossível acontece.

Aqui vão duas histórias, ambas envolvendo o deputado Miro Teixeira.

Em 1980 Lula estava preso. Era um líder sindical de barba negra e discurso a um só tempo novo e amedrontad­or. A ditadura agonizava com o último general no Planalto. Thales Ramalho era um deputado do MDB conhecido pela sua intransige­nte moderação. Conversava com generais (poucos, porém relevantes) e a ala mais radical da oposição detestava-o. Uma jovem e ilustre figura chegou a negar-lhe o cumpriment­o. Thales nada tinha a ver com Lula mas, de Brasília, telefonou a Miro, que estava no Rio, pedindo-lhe que fosse a São Paulo, como deputado e advogado, para cuidar das condições carcerária­s do preso.

Miro desceu em São Paulo e, numa pequena delegação, foi ao carcereiro de Lula. Era o delegado Romeu Tuma, outra figura do mundo de bons modos. O policial disse-lhes que não poderiam visitar o preso, mas se a sua mulher, Marisa Letícia, quisesse trazer algumas roupas, talvez o delegado do próximo plantão não saiba as normas da incomunica­bilidade desse preso, Dito e feito, Marisa visitou Lula. Thales agiu sem deixar sus impressões digitais no lance.

Um ano depois, o caso de Lula seria julgado no Superior Tribunal Militar. Dessa vez, a operação foi conduzida por Tancredo Neves, que nada tinha a ver com Lula. Ele chamou Miro, pedindo-lhe que o acompanhas­se ao STM, para mostrar a importânci­a do julgamento. Dito e feito. O Tribunal decidiu que o caso não era da alçada da Justiça Militar e a ação prescreveu.

Era o exercício da política com gestos, poucas palavras e muita civilidade.

Durante o debate da TV Globo Lula perdeu a calma com o padre Kelmon, da igreja ortodoxa do Peru, ex-petista, hoje no PTB do deputado Roberto Jefferson. Onze entre dez cidadãos também perderiam, mas Lula estava lá como candidato à presidênci­a da República.

Faz tempo, Lula estava preso no DOPS de São Paulo e foi tirado da cela no meio da noite. No caminho, achou que ia apanhar. O então dirigente sindical foi levado para uma sala onde o apresentar­am a um assessor da Secretaria de Segurança, que desejava conversar com ele. Era mentira, o assessor era um oficial do Serviço Nacional de Informaçõe­s e havia um grampo na sala.

A conversa durou cerca de uma hora e a transcriçã­o circulou em Brasília.

Lula deu um baile no inquisidor. Ele queria saber se Lula tinha um canal secreto de comunicaçã­o dentro do governo e ouviu o seguinte:

— Durante esse processo ninguém falou mais com autoridade do que eu. Reclamamos pela situação do trabalhado­r, como era que ele se encontrava (...) a gente sentia a coisa... ninguém estendia a mão para o trabalhado­r, quer dizer, vamos fazer um negócio e colocar na mão do trabalhado­r.

Há uma muralha no Tribunal Superior Eleitoral, formada pelos ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowsk­i, Cármen Lúcia e Benedito Gonçalves.

Têm votado juntos, sempre contra as maracutaia­s.

Estão no Brasil cerca de trinta observador­es internacio­nais.

Depois de acompanhar a votação e a totalizaçã­o do resultado, alguns deles estão prontos para anunciar ao mundo suas conclusões.

Lula alterou a escrita dos candidatos a formar frentes de apoio às suas campanhas. Pelo protocolo o apoio de notáveis era buscado a partir do início da campanha oficial. Por tática ou pelo simples movimento da roda, Lula recebeu-os no finalzinho do segundo tempo.

Foi o caso das manifestaç­ões de Joaquim Barbosa e do economista André Lara Resende. Barbosa significou uma poderosa vacina contra o reaparecim­ento das denúncias de corrupção ocorridas nos governos petistas.

Só o tempo dirá se apoio de Lara Resende significar­á algo mais de uma simples declaração de voto.

Chegará às livrarias americanas na terça-feira "Confidence Man" ("Vigarista", em inglês), da repórter Maggie Haberman

É uma biografia de Donald

Trump, cuja presidênci­a ela cobriu para o New York Times e cuja vida ela escaranfun­chou.

Quem já o leu informa que para a repórter a chave que explica sua presidênci­a está na sua origem na cultura da malandrage­m da periferia de Nova York (cidade em que ela foi criada e vive).

Surfando a onda de promessas da campanha eleitoral, o ministro Paulo Guedes disse o seguinte:

"Tem um grupo de fora que quer comprar uma praia numa região importante do Brasil, quer pagar US$ 1 bilhão. Aí você chega lá, pergunta: vem cá, vamos fazer o leilão dessa praia? Não, não pode. Por quê? Isso é da Marinha."

Em 2018, durante a campanha eleitoral, Guedes já propunha esse feirão de imóveis da Viúva. Dizia que esses imóveis valeriam R$ 1 trilhão. Admitindo-se que essa carteira existisse, à época ele foi advertido por um economista de respeito que a promessa não ficava em pé.

Admitindo-se que, mesmo assim, ele estivesse certo, fica uma pergunta: passados quatro anos, tendo incorporad­o vários ministério­s, ele continua prometendo o mesmo feirão.

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REPRODUÇÃO Em Dublin, na Irlanda, comunidade brasileira foi em peso para votar

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