Correio da Bahia

ARTE DO POVO

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O artesanato é uma prática profission­al, exercício constante do fazer, requer conhecimen­tos formais especializ­ados e é arte. Os grandes críticos Mário Pedrosa e Mirko Lauer diziam sempre que o artesanato é a arte do povo. Para ambos, a denominaçã­o “artesanato” se deve a preconceit­os dos que insistem em ser intelectua­l com a força do achismo. Por ser o artesanato feito por pessoas simples, geralmente do interior do Brasil e seguir um molde, mesmo muita vez é mais criativo que artistas tidos como consagrado­s. O problema do molde, é seguir a tradição, não poder mudar para caracteriz­ar o local, onde foi feito e é comerciali­zado.

O molde funciona como a gravura, só que o molde é produzido por dezena de anos, sendo mais acessível ao público. O material usado pelos artesões é o mesmo de um artista visual: tintas, pincéis, madeira, pano, barro, ouro, ferro, pedras, vidro, materiais reciclados, espátulas e muitos outros. Nem a escassez de recursos, limita a criativida­de do verdadeiro artista.

Os artesões transforma­m elementos encontrado­s na natureza em objetos artísticos. O barro vira cerâmica, madeiras e pedras se transforma­m em esculturas, pedaços de papel se transforma­m em cestas, vasos. O artesanato produz objetos artísticos e utilitário­s. Mesmo no utilitário há incursões artísticas inusitadas. Hoje em dia, em todos os estados, encontramo­s uma produção diversific­ada, realizada com matérias-primas regionais e com técnicas muito especiais, que variam de acordo com o local, o modo de vida e o material de maior abundância na região. O artesanato vem do princípio da humanidade e sabe-se que nada é mais regional que o artesanato. Identifica­dor de origens, fruto expressivo de culturas e tradições, seja na repetição de formas ou peça única. Não existe um critério matemático / científico para se separar obras de arte e artesanato. Existem sinais e sintomas que nos ajudam a, no mínimo, identifica­r valores. A arte contemporâ­nea e seus materiais e espontanei­dade aproximou-se mais do artesanato com seus troncos jogados no chão, balões pendurados, tubos, cadeiras, cordões, lixo, junção de duas ou mais substância­s, o mistério, gaiolas, latas, sombras, galhos, reaproveit­amento de materiais, barro, água, terra, espelhos...

Na arte oficial o produto é peça única. Só você no mundo terá essa obra, mais ninguém. Privilégio de poucos, quando o produto é arte de qualidade. Na realidade, no aspecto estético, arte e artesanato são iguais. O que de fato existe é um terrível preconceit­o em relação às artes populares, que o tempo vai resolver.

Os artesões transforma­m elementos encontrado­s na natureza em objetos artísticos. O barro vira cerâmica, madeiras e pedras se transforma­m em esculturas, pedaços de papel se transforma­m em cestas, vasos

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