Correio da Bahia

‘Eu sou uma testemunha viva’, diz PM sobreviven­te

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ATENTADO EM ITAJUÍPE O sargento da Polícia Militar Adeilton Rodrigues D’Almeida, que sobreviveu a uma ação em uma pousada de Itajuípe na noite de terça-feira (27), onde pernoitava para fazer no dia seguinte a segurança do candidato ao governo do estado ACM Neto, disse que tem medo.

Ele recebeu alta do Hospital Santa Izabel no sábado (1º). Na saída da unidade, afirmou que estava dormindo no quarto do hotel quando recebeu o primeiro tiro: “Acordei com barulho de tiro, muito tiro mesmo. Mas eu não atirei em ninguém. Estava dormindo no quarto, com a luz apagada. Tomei dois tiros, caí no chão e gritava o tempo todo ‘sou policial, sou policial’, mas ainda assim fui alvejado outras três vezes”, relata.

D’Almeida disse que está se sentindo inseguro, mas que espera justiça. “Eram muitos policiais, acredito que mais de 10, mas, como a luz estava apagada, não consegui ver o rosto deles. Meu medo hoje é que sou uma testemunha viva, tenho medo de alguém atentar contra minha vida. Estou debilitado, minha arma foi apreendida, não sei o que pode acontecer. Espero justiça”, desabafou.

Ele fica emocionado quando lembra das palavras do filho de 7 anos: “Ele me pergunta o tempo todo: ‘Meu pai, foram policiais bandidos que atiraram, foi?’. Ele sonha em ser policial desde pequeninin­ho, ele ama a instituiçã­o, assim como eu amo também”. D’Almeida tem 33 anos na Polícia Militar. “Nesse tempo todo, nunca tinha acontecido nada parecido comigo. Espero que nenhum cidadão de bem passe por isso que eu passei.”

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os policiais foram até a pousada, onde dois homens foram abordados e não reagiram. Outros dois homens, armados, reagiram quando os PMs se aproximara­m. Dois soldados que estavam em serviço foram baleados na ação. No tiroteio, os dois homens que estavam no hotel também foram feridos e um deles morreu. Ambos foram identifica­dos como sendo o subtenente Alberto Alves dos Santos, que morreu, e o sargento Adeilton D’Almeida.

Os dois estavam na cidade para compor a equipe de segurança do candidato ACM Neto (União Brasil), em evento na cidade de Coaraci.

Da noite do atentado, D’Almeida diz se lembrar do seguinte: “Estava muito cansado, tomei um banho e fui dormir. Acordei com o barulho de tiro, tomei dois tiros, gritei ‘sou policial, sou policial’, mas fui alvejado outras três vezes. Me deixaram sangrar por muito tempo no chão, me disseram depois que foi por quase uma hora. Em momento algum me prestaram socorro. Só depois que outros policiais chegaram é que fui socorrido. Não teve confronto em momento algum. Dizer que houve tiroteio é uma falácia, uma mentira. Estou à disposição para qualquer exame que possa comprovar isso.”

D’Almeida afirmou que o companheir­o Alves estava em outro quarto, ao lado do dele, quando foi alvejado:

“Ele estava no quarto ao lado do meu. Quando me arrastei pra fora, foi que vi o pessoal carregando o corpo de meu amigo Alves. Queria ter tido a oportunida­de de dar adeus ao meu amigo. Até hoje não consigo entender como uma ação desastrosa dessas pode ter partido da inteligênc­ia da Polícia Militar”.

O comandante geral da PM diz que o caso será esclarecid­o. “Lamentamos o confronto. Estamos solidários às famílias, e a determinaç­ão é que toda a ocorrência seja esclarecid­a. As armas foram recolhidas, e o local do confronto, preservado para a perícia”, disse o coronel Paulo Coutinho.

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EMILLY TIFANNY OLIVEIRA O sargento da Polícia Militar Adeilton Rodrigues D’Almeida teve alta do Hospital Santa Izabel e relatou estar com medo

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