Correio da Bahia

CARTEL DE LUTAS

Boxe Eder Jofre, brasileiro que é tricampeão mundial e referência do esporte no peso galo, morre aos 86 anos

- Wilson Baldini Jr., Estadão Conteúdo REPORTAGEM

Eder Jofre, o maior peso galo do boxe em todos os tempos, morreu ontem em em Embu das Artes (SP), aos 86 anos. Ele estava internado desde 4 de março por causa de uma pneumonia, perdeu muito peso e não se recuperou fisicament­e. Segundo a família, o ex-atleta sofreu sepse e insuficiên­cia renal aguda. Deixa os filhos Marcel e Andrea.

Tricampeão mundial, Eder Jofre manteve durante toda a sua vida a coragem e a determinaç­ão para enfrentar os adversário­s, como fez em seus 20 anos de carreira profission­al, quando venceu 75 rivais (52 por nocaute) e se consagrou como o maior peso galo da história do boxe. Sofria de ETC, encefalopa­tia traumática crônica, doença diagnostic­ada em 2015 que lhe causava problemas motores e de memória. É conhecida também por demência pugilístic­a, dada a sua ocorrência comum em boxeadores por relação com as pancadas tomadas na cabeça.

Apontado pela revista The Ring, em 1997, como o nono maior pugilista de todos os tempos, Eder ganhou uma biografia em 2021, lançada nos Estados Unidos pelo jornalista e escritor norte-americano Chris Smith.

O livro tem 605 páginas e, segundo o autor, o trabalho “foi o resultado de muitos anos de pesquisa, com várias fontes primárias, comunicaçã­o direta com a família Jofre, muitas entrevista­s”. Uma versão em português vai ser lançada possivelme­nte neste mês de outubro.

Eder encerrou a vitoriosa carreira há 46 anos (em 1976), mas permaneceu com um prestígio inabalável no boxe. Além de ser o maior maior peso galo, ganhou também o cinturão dos penas. Formou ao lado de Maria Esther Bueno (tênis) e Adhemar Ferreira da Silva (atletismo) um trio de esportista­s brasileiro­s que goza de fama no exterior.

“Eder tinha tudo que um grande lutador deve possuir. Para coroar o pacote, ele também tinha um queixo de ferro e de resistênci­a, a exemplo de Jake LaMotta e Carmen Basilio”, escreve o Cyber Boxing Zone, site especializ­ado. “Talvez a qualidade mais impression­ante tenha sido a capacidade de adaptação. Jofre era um lutador muito inteligent­e, que poderia mudar seu estilo para se ajustar a qualquer tipo de adversário. Ele poderia ser brigador, clássico… Era uma obra de arte”.

Para mostrar que o comentário do site sobre o pugilista brasileiro não é exagerado, pode-se lembrar que Sugar Ray Robinson, apontado

Lutas 81

Vitórias 75

Nocautes 52

Derrotas 2

Empates 4 em quase todas as listas como o maior boxeador de todos os tempos, fez questão de posar ao lado de Eder, em 1960, antes de o lutador brasileiro enfrentar o mexicano Eloy Sanchez, quando ganhou o primeiro título mundial, em Los Angeles.

O jornalista norte-americano Ted Sares tem outra definição. “Com um poder de soco em ambas as mãos, Jofre também tinha grandes habilidade­s técnicas e reflexos, ao melhor estilo Sugar Ray Robinson”, analisa. “Ele tinha o gancho e o direito em linha reta; um inferno. Ele tinha tudo. Um perfurador de corpos”.

O baiano Acelino Popó Freitas, dono de quatro títulos mundiais, relembrou o fato de o boxe brasileiro perder quatro nomes importante­s nos últimos dois anos. Além de Eder, morreram no ano passado o empresário Pepe Altstut e o ex-campeão mundial Miguel de Oliveira. Em fevereiro, foi a vez do jornalista Newton Campos. “O boxe perde muito”, disse Popó.

DE 1957 A 1974

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