RELEMBRE DETALHES DOS CASOS
Como resposta aos acontecimentos recentes, a Secretaria de Segurança do Estado da Bahia (SSP-BA) informou que a Polícia Civil (PC) reforçou as equipes na região para acelerar a investigação das mortes de Nauí e Samuel. Ainda de acordo com a pasta, delegados e investigadores da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis) estão realizando levantamentos e ações de inteligência no extremo-sul da Bahia.
Titular da 23ª Coorpin, o delegado Moisés Damasceno, deu detalhes do reforço feito na área. “Todos os policiais estão em campo levantando informações e buscando possíveis testemunhas, além de imagens. Importante acrescentar que equipes do Grupo Especial de Mediação e Acompanhamento de Conflitos Agrários e Urbanos (Gemacau) da PC estão dando apoio na apuração”, informa.
Ele acrescenta ainda que informações sobre o caso podem ser enviadas, com total sigilo, através do telefone 181, o Disque Denúncia da SSP-BA. Enquanto as autoridades estaduais se movimentam, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) também articula ações para dar fim ao genocídio.
“Na reunião com o Ministério dos Povos Indígenas, foi criado um Gabinete de Crise para um trabalho forte no combate à crimes aqui nas terras indígenas. A Polícia Federal já está agindo e estamos com a perspectiva da vinda da Força Nacional para identificar e prender os responsáveis”, conta o Cacique Aruãn, que se reuniu com a ministra Sônia Guajajara e demais lideranças indígenas no dia 20.
Em nota, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou a reunião e a criação do Gabinete de Crise. A fundação informou ainda que está acompanhando a questão junto à Defensoria Pública da União (DPU) e ao Ministério Público Federal (MPF), tendo acionado a Polícia Federal (PF).
Em contato com um integrante do MPI, a reportagem, porém, não conseguiu falar com uma representação sobre as próximas ações diante do atual cenário. Pelas redes sociais, contudo, Sônia garantiu a dedicação total ao assunto. “Acompanharei de perto o que vem acontecendo na região e irei requisitar ação imediata do Estado. [...] Os povos indígenas continuam a enfrentar ameaças e a morte por defender seus direitos à terra. Requisitarei ações revigoradas do Estado para trazer justiça ao povo Pataxó pela morte desses dois jovens. Não haverá impunidade”, escreveu a ministra.
13 de março, em Porto Seguro O indígena Victor Braz de Souza, 22 anos, da etnia Pataxó, foi assassinado com um tiro no pescoço, dentro da comunidade indígena Ponta Grande, na cidade de Porto Seguro, onde vivia com sua esposa e dois filhos. Vitor chegou em casa por volta das 23h e ouviu da esposa a dificuldade da criança em dormir por conta do volume do som de uma festa feita por não-indígenas - que acontecia dentro do território. Depois de reclamar em um grupo de WhatsApp, o jovem decidiu ir até o local, onde fora recebido com hostilidade e atingido pelas costas após um convidado do evento disparar contra ele. Lideranças da Aldeia Novos Guerreiros, da qual Vitor fazia parte, informaram à reportagem, na época, que a área onde ocorreu a festa estava em processo de demarcação.
23 de abril, em Porto Seguro Iris Braz dos Santos, 44 anos, da etnia pataxó foi morto após ser atingido por tiros dentro de casa na Aldeia
Novos Guerreiros, na região de Porto Seguro, no Sul da Bahia. Ele chegou a ser socorrido o Hospital Regional Deputado Luís Eduardo Magalhães, onde recebeu atendimento médico. Iris não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte. Iris era tio de Victor Braz, morto em março do mesmo ano após reclamar do barulho em uma festa dentro do território indígena. Nas redes sociais, a liderança indígena Thyara Pataxó lamentou o crime. “Em menos de dois meses do assassinato de Victor Bráz aqui na minha Aldeia, hj o tio dele será enterrado ao lado dele. Iris Braz, estava em sua casa trabalhando quando foi alvejado por 3 tiros. Ele foi socorrido, mas infelizmente faleceu após passar por uma cirurgia. Luto Pataxó!”, escreveu no Twitter.
4 de setembro, em Prado Gustavo Conceição da Silva, de 14 anos, foi vítima de disparos de arma de fogo no fim da madrugada de 4 de setembro em uma fazenda no município do extremo sul da Bahia. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) indicou que a morte dele ocorreu durante uma invasão do Território Indígena Comexatibá por grupo de pistoleiros, com ao menos cinco homens armados com armas calibre 12, 32, fuzil ponto 40 e bomba de gás lacrimogêneo. A invasão do Território Indígena Comexatibá aconteceu após retomada indígena de terras em 1º de setembro do ano passado. A situação se acirrou depois da iniciativa de reconquista de territórios originários. De acordo com a comunidade, aquela foi a quinta invasão registrada no território em menos de três meses. As outras, porém, não tinham culminando em mortes.
29 de setembro, em Santa Cruz Cabrália Um indígena foi morto a tiros no fim de setembro do ano passado em Santa Cruz Cabrália, no extremo-sul da Bahia. Wellington Barreto de Jesus, 50 anos, que é Pataxó, foi baleado por um homem que chegou de bicicleta enquanto ele estava distraído conversando. Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu na Rua Geraldo Scaramussa, no bairro do Campo Verde. Wellington estava na rua com outras pessoas quando o atirador se aproximou na bicicleta e atirou nele, fugindo em seguida.
13 de outubro, em Porto Seguro Carlone Gonçalves da Silva, 26 anos, foi encontrado morto após ficar um mês desaparecido da Aldeia Boca da Mata, em Porto Seguro. De acordo com a comunidade, a vítima, que estava com um amigo, estava voltando de uma outra aldeia quando a moto em que estavam quebrou no meio do caminho. Para não ficarem na estrada, o rapaz que estava com Carlone foi procurar por ajuda. Porém, quando retornou, o rapaz e a moto tinham desaparecido do local. Apesar de não reveladas as causas da morte por conta do estado avançado de decomposição do corpo, a comunidade acredita que ele tenha sido vítimas de mais um assassinato decorrente do conflito pelos territórios demarcados.
17 de janeiro, em São
João do Monte Dois jovens indígenas mortos a tiros, na terça-feira (17), no extremo sul da Bahia. Eles foram vítimas de disputas envolvendo a demarcação de terras que ocorre na região. Segundo o Cacique Renato Pataxó, o crime foi cometido por pistoleiros contratados por fazendeiros. Os indígenas Pataxó Nauí Brito de Jesus, 17 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, de 25, foram baleados no distrito de São João do Monte, entre os municípios de Itabela e Itamaraju, segundo a Polícia Civil. Ainda de acordo com o cacique, os jovens eram membros da comunidade indígena de Barra Velha, em Porto Seguro.