Vaquinha para andar de novo
Yume Sisnane caminhava para a escola todos os dias com a mãe. Pouco antes de completar 6 anos, a menina passou a ser queixar de dores na perna esquerda. Maria Betânia Paz Sisnane, a mãe de Yume, desconfiou que caminhada fosse a causa do mal-estar da filha. A ida ao médico, no entanto, revelou dois diagnósticos equivocados antes da confirmação de um câncer.
“Primeiro, os médicos acreditavam em uma osteomielite, mas eu sou enfermeira e percebi que os sintomas extrapolavam as reações daquela doença”, lembra Maria Betânia, ao esclarecer que, na verdade, o caso se tratava de um tumor do tipo osteossarcoma, que levou mais de um mês para ser descoberto.
Moradora do município de Wenceslau Guimarães, Maria Betânia se mudou com a filha para Salvador, para que a menina iniciasse o tratamento. Ao todo, Yume passou por 32 sessões de quimioterapia, em um período de 10 meses. Como tem outro filho mais velho, ele veio acompanhar a irmã. Já o pai se alternava entre as duas cidades para trabalhar e visitar a filha.
Após a remoção do tumor, Yume colocou uma endoprótese na perna, para substituir a parte enfraquecida do membro. No entanto, apesar de já curada do câncer, ela precisou passar por diversos procedimentos cirúrgicos para ajustar o dispositivo. Sem o resultado esperado com as intervenções, foi submetida a uma amputação da perna esquerda, no dia 13 deste mês, já com 8 anos de idade.
Desde então, parentes e amigos de Yume estão mobilizados em uma campanha para comprar uma prótese mecânica para ela. O equipamento de titânio custa R$ 50 mil. Valor que a família não pode arcar, mas considera fundamental para que a pequena consiga crescer com independência.
A vaquinha foi pensada pela família como alternativa para que Yume consiga a prótese mais rápido. Pois, mesmo sendo disponibilizada pelo SUS - Sistema Único de Saúde, diversos relatos ouvidos por Maria Betânia apontam demora ou inadequação do equipamento recebido.
“Ela fez todos os tratamentos no SUS, a quimioterapia, retirada do tumor, a endoprótese e a amputação, mas como a prótese é algo mais complexo, que requer uma manutenção constante, queremos a opção de fazer isso com mais conforto para ela”, destaca a mãe.
A arrecadação do valor está sendo feita pela família através da vaquinha online Prótese para Yume e do Pix de chave 03294086580, no nome de sua mãe, Maria Betânia da Paz Sisnane.
A menina aguarda a retirada dos pontos da cirurgia de amputação para iniciar a preparação para o uso da prótese. Por causa do processo de adaptação, a família precisará passar mais alguns dias longe de casa.
“O que desejamos é a melhora dela. Não foi fácil, mas sempre que parece piorar aparece algo ou alguém para nos lembrar que já superamos muito e podemos mais”, afirma Maria Betânia.
O osteossarcoma é um tumor maligno ósseo mais frequente na infância e adolescência, segundo esclarece o médico ortopedista e vice chefe do Departamento de Cirurgia Experimental e Especialidades Cirúrgicas (DCEC), Alex Guedes. Considerados cânceres raros, em 2022, o Brasil registrou 37 casos de tumores ósseos malignos, conforme dados do Datasus.
Desses diagnósticos, 11 (30%) foram feitos em pessoas dentro da faixa etária de 0 a 19 anos. “Em crianças com 5 anos, como é o caso de Yume, eles são ainda mais raros, mas podem acontecer”, destaca Alex Guedes.
Como não há sintomas específicos para a doença, o ortopedista destaca a importância do diagnóstico precoce para garantir maior sucesso no tratamento e recomenda que dor recorrente e inchaços sem causa conhecida sejam investigados.
O que desejamos é a melhora dela. Já superamos muito e podemos mais Maria Betânia Mãe de Yume, ao falar sobre o diagnóstico da filha, que teve câncer aos 5 anos
Em crianças com 5 anos, como é o caso de Yume, são ainda mais raros, mas podem ocorrer Alex Guedes Ortopedista, sobre a raridade dos osteossarcoma em crianças pequenas