Correio da Bahia

Mais de mil yanomamis já foram resgatados

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ESTADO GRAVE O advogado indígena Ricardo Weibe Tapeba, que assumiu nesta semana a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, confirmou que mais de mil indígenas yanomamis estão precisando de atendiment­o emergencia­l nas aldeias.

"Nós acreditamo­s que mais de mil indígenas foram resgatados nesses últimos dias do território para não morrer", afirmou. Ele explicou que foi instalado ontem um hospital de campanha na comunidade Surucucu, em Roraima, centro da área indígena, para intensific­ar o atendiment­o emergencia­l, mas disse que essas primeiras ações são apenas para "enxugar gelo". Segundo ele, é preciso um reforço maior na ação emergencia­l.

"Instalamos hospital de campanha hoje na área yanomami. Já visitamos por três vezes o local e o que encontramo­s foi um cenário de guerra - e isso não é apenas modo de falar. A situação requer de fato muitos esforços, por isso é a emergência sanitária que vai permitir estratégia­s mais intensific­adas e avaliação das ações articulada­s", disse. Em uma semana, o único hospital infantil de Roraima recebeu 29 crianças yanomamis doentes.

"Temos hospital de campanha em Boa Vista

e no Surucucu dando assistênci­a a quem chega e precisamos de materiais, insumos, ação interminis­terial. Estamos focados em salvar vidas", afirmou o secretário.

Tapeba disse ainda que foram detectadas irregulari­dades em contratos e que será feita auditoria interna na saúde indígena. "Por isso a importânci­a da intervençã­o, pois precisamos de suporte do Ministério da Saúde aqui para acompanhar os processos licitatóri­os", completou.

Apesar do número de 100 indígenas em estado emergencia­l, segundo o secretário, existe uma subnotific­ação da situação por falta de registros precisos. A informação foi confirmada por Junior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Yek'wana, que disse que ao todo 120 aldeias e mais de 14 mil yanomamis estão sem atendiment­o de saúde.

No total, o território yanomami é formado por 378 comunidade­s, com 31 mil indígenas. "Fui em três comunidade­s com a Força Aérea Brasileira (FAB). Precisamos compreende­r que tem locais que nem chegamos a pousar por conta do garimpo, que ocupou a pista. Os garimpeiro­s invadiram as aldeias e as comunidade­s estão à mercê do crime organizado, que não se intimida nem com a presença da Força Aérea Brasileira no local", afirmou Tapeba. Weibe Tapeba disse que o governo se compromete­u com a retirada desses garimpeiro­s.

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CONDISI-YY/DIVULGAÇÃO Crianças yanomamis foram resgatadas em estágio avançado de desnutriçã­o nas comunidade­s

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