Bahia lidera em bebês desnutridos internados
Saúde Salvador também têm mais hospitalizações entre as capitais do país
hospital de Salvador.
O gastropediatra explica que a desnutrição acontece por alguma doença que impede a absorção de nutrientes, por ingestão quase que exclusiva de alimentos industrializados, pouco nutritivos, ou privação de alimentos devido à condição sócioeconômica. Em todos os casos há desequilíbrio nutricional. Na Bahia, diz o médico, a privação de alimentos é apontado como principal motivo para os casos que chegam aos hospitais.
“Eu trabalho no SUS [Sistema Único de Saúde] e é frequente em população de baixa renda, muito precária, ver nesses bolsões de pobreza problemas relacionados à desnutrição crônica pela falta de acesso à comida. São casos mais graves. Já no particular, é mais caso de erro alimentar, quando crianças estão com hábitos distorcidos, têm muito açúcar, pouca fibra, vitaminas e minerais na alimentação”, compara.
SALVADOR
No caso de Salvador, a desnutrição infantil seria um reflexo das condições sociais de parte da população da capital. Na cidade, 40,9% das famílias vivem algum nível de insegurança alimentar, segundo pesquisa da Universidade Federal da Bahia (Ufba), feita entre 2018 e 2020.
No último ano, o projeto QUALISalvador, que norteia o estudo, apontou que 7,9% das famílias da capital sofrem com insegurança alimentar severa — quando falta comida na mesa, segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Além disso, 23,7% vivem em situação de insegurança alimentar leve, quando existe incerteza sobre a capacidade para conseguir alimentos; e 9,3% das famílias enfrentam a insegurança moderada, quando alguma das refeições não é realizada.
O estudo mostra ainda que entre as famílias da capital, as chefiadas por homens brancos são as que se alimentam melhor. A segurança alimentar foi observada em 74,5% dos lares nessa situação. Na amostra de 14 mil domicílios do levantamento, metade é chefiado por mulheres negras (50,1%), seguido por homens negros (35,4%), mulheres brancas (8,3%) e, por último, homens brancos (6,2%). *ORIENTADA POR MONIQUE LÔBO
*NOME TROCADO A PEDIDO DA FAMÍLIA.