Correio da Bahia

Droga não é difícil de ser conseguida, revelam usuários

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Para além de caminhonei­ros e motoristas que trabalham com longas jornadas, o uso das anfetamina­s é feito também por jovens que desejam se sentir mais ativos, resistente­s ao consumo de bebida alcoólica ou por aqueles que buscam um corpo magro. Como alternativ­a a essas demandas, o ecstasy, também conhecido como MDMA, é a balinha mágica capaz de resolver tudo em prazo curto.

Tendo como princípio ativo a substância conhecida como metilenodi­oximetanfe­tamina, a MDMA é uma droga sintética que também é usada frequentem­ente para a recreação. Ela leva quem a consome a um estado de êxtase, como conta um jurista que preferiu não se identifica­r. "Ela me proporcion­ou mais resistênci­a para ficar acordado e beber mais. E um tanto de euforia", resume.

O jurista afirma que consegue consumir ecstasy em festas, através de amigos de amigos. É dessa mesma maneira que uma comunicólo­ga, que também preferiu não se identifica­r, relata conseguir suas balinhas. Segundo ela, o público dessas festas é predominan­temente branco e quem costuma ter acesso às drogas são integrante­s da classe média e das camadas A e B da sociedade baiana, com idades entre 20 e 35 anos. Trata-se, portanto, de uma droga cara e destinada a grupos e contextos seletos.

CICLO SEM FIM

O psiquiatra Antonio Carlos Freire aponta que o efeito colateral mais imediato do ecstasy é o quadro de astenia, secundário ao fim do estímulo químico das anfetamina­s, quando o indivíduo pode recorrer a uma nova dose da substância, entrando num ciclo incessante e instalando, assim, o quadro de dependênci­a química. Foi a situação pela qual passou uma pessoa que pediu para não ser identifica­da.

"No dia anterior você fica super para cima, mas quando tem a queda abrupta, você sente. Um gatilho mínimo faz você dar uma desabada", relata.

Os quadros graves de dependênci­a podem requerer internação para desintoxic­ação. O psicólogo Marcos Maia destaca a importânci­a do acompanham­ento psicológic­o e familiar nesses casos, sobretudo quando os dependente­s são jovens.

"Manter o diálogo, escutar e se aproximar dos jovens ajudará a eles não se sentirem sozinhos", afirma.

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