Metrô com Luedji e Afrosinfônica
Foi numa quarta-feira, como canta Luedji Luna nos versos da sua mais ilustre composição, que a voz da autora de Banho de Folhas se misturou aos ritmos clássicos e cadenciados da Orquestra Afrosinfônica da Bahia. O encontro se deu sob o olhar de mais de mil pessoas, que lotaram a Estação de Metrô do Imbuí, na noite de ontem.
Com patrocínio do Instituto CCR e CCR Metrô Bahia, as atrações foram trazidas para dar continuidade ao Concerto Vozes Negras, projeto que já recebeu artistas como Russo Passapusso, Gerônimo Santana e Mariella Santiago, que se apresentaram para os clientes do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas. O público presente no local, ontem, foi o maior de todas as edições do projeto.
A farmacêutica Clara Passos, 37, ficou sabendo do concerto de última hora. Ela conta que recebeu a notícia pela manhã, já no trabalho.
Quando cumpriu sua jornada diária, foi às pressas em casa para buscar a filha, Maria Gabriela, que é apaixonada por música. Elas chegaram às 18h e garantiram assento na primeira fileira.
"Nós moramos perto e eu gosto muito de trazer ela para lugares que estimulam. Ela não enxerga, mas gosta muito de música. Além disso, eu gosto muito de Luedji e vou ver ela no Festival de Verão, já comprei o ingresso para esse dia. Mas era perto da minha casa hoje, não podia perder", afirmou.
Assim como Clara, a estudante de Direito Marianna Alves, 20, soube que haveria apresentação no metrô e não quis deixar passar a oportunidade. "Eu nem acreditei, porque é muito raro ver show gratuito no metrô, ainda mais de uma atração que eu sempre quis ver, junto à música clássica que, particularmente, tem meu coração", disse.
Por volta de 19h15, a Orquestra Afrosinfônica subiu no palco e deu início ao espetáculo comandado pelo maestro Ubiratan Marques. Dentre as canções entoadas pelos 23 músicos que se apresentaram no piano, percussão, sopros e contrabaixos, destacaram-se sucessos do álbum Orín - A Língua dos Anjos, que foi indicado ao prêmio Grammy Latino em 2021.
REVOLTA DOS MALÊS
Fazer esse concerto e ver aquele povo lindo, queéo nosso povo baiano, ver que essas pessoas se reconhecem, é uma coisa maravilhosa Maestro Ubiratan Marque
Após a apresentação, o maestro Ubiratan, destacou que poder começar o ano com essa edição do concerto foi mais que especial.
"Hoje é dia 25 de janeiro, dia da Revolta dos Malês. Então, nós nos concentramos no camarim junto com Luedji, falamos da importância desses 600 que ali atrás lutaram para que nós pudéssemos estar aqui hoje. Fazer esse concerto e ver aquele povo lindo, que é o nosso povo baiano, ver que essas pessoas se reconhecem, é uma coisa maravilhosa.
Orquestra Afrosinfônica da Bahia