Correio da Bahia

STF agenda julgamento sobre índice de correção do FGTS

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DUAS DÉCADAS DE PERDAS O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar, no próximo dia 20 de abril, uma ação que pode corrigir os valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a partir de um índice de correção monetária medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). A Ação Direta de Inconstitu­cionalidad­e terá o ministro Roberto Barroso como relator. As informaçõe­s são de reportagem publicada no site da CNN Brasil.

A matéria lembra que a lei atualmente em vigor determina que o saldo de contas vinculadas do FGTS deve ser corrigido pela Taxa Referencia­l (TR), hoje em 0,048% ao ano,

Na regra atual, o dinheiro aplicado no fundo é corrigido pela TR acrescida de juro de 3%, o que gera um rendimento inferior à inflação

acrescido de juro de 3%. A ação apreciada pelo Supremo pede a alteração dos juros que desde 1999 corrigem o FGTS e que, historicam­ente, ficaram abaixo da inflação, implicando em duas décadas de perdas para o poder de compra do dinheiro do trabalhado­r guardado pelo fundo.

“A TR está há praticamen­te dez anos perto de zero, deixando o valor depositado cada vez mais desvaloriz­ado. Não dá para ter um valor da conta fundiária sendo corrigido por um índice que não acompanha a inflação. É como se fosse uma poupança que não rende”, afirmou à CNN o advogado João Badari. Ainda segundo ele, o precedente criado pela correção monetária dos precatório­s em 2019 a partir do IPCA-e (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial), quando o STF julgou inconstitu­cional o uso da TR para atualizaçã­o dos valores das dívidas do governo, abre espaço para que a ação do FGTS ganhe força.

Ele acredita que a ação vai trazer benefícios sociais e econômicos, à medida que os beneficiár­ios poderiam usar o dinheiro corrigido para movimentar a economia. “Existe um reflexo dessa inserção de capital que não pode ser ignorado. O dinheiro acrescido gira a economia como um todo, não só satisfaz o lado social”, diz.

A correção conforme o avanço inflacioná­rio, porém, pode gerar um rombo bilionário nas contas públicas. “A estimativa é que, caso ocorra esse reajuste, haja um impacto acima de R$

400 bilhões nos cofres do governo. Isso pesa e muito no Orçamento, ainda mais em um momento de desestabil­ização fiscal”, diz Alessandro Azzoni, advogado e economista.

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