Correio da Bahia

Dengue cresce 43% na Bahia

Saúde Número de mortes pela arbovirose é o maior desde 2019

- Wendel de Novais REPORTAGEM wendel.novais@redebahia.com.br

Os indicadore­s da proliferaç­ão da dengue na Bahia voltaram a ligar o alerta de médicos especialis­tas. No total, foram 35.644 casos em 2022, o que representa um aumento de 43% em relação aos indicadore­s de 2021, quando 24.761 baianos tiveram a doença. Os dados são de um balanço da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Dentre os casos, 261 (0,5%) foram identifica­dos como Dengue com Sinais de Alarme (DSA) e 52 (0,1%) como Dengue Grave (DG).

Maria Glória Teixeira, epidemiolo­gista e professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universida­de Federal da Bahia (Ufba), diz que a situação é perigosa. "Estamos muito preocupado­s com a situação das arbovirose­s [categoria de doenças na qual a dengue se encaixa, junto com zika e chikunguny­a]. Principalm­ente da dengue porque aumentou muito na Bahia. Foi muito mais do que nos dois anos anteriores [2020 e 2021]. E como estamos no Verão, o pico das doenças transmitid­as pelo Aedes aegypti, que é entre março e abril, já está por vir”, afirma.

Para o infectolog­ista Matheus Todt, a situação é ainda mais complicada por conta dos casos que não são registrado­s no sistema da Sesab. ”O cenário mostra-se ainda mais sombrio quando consideram­os que as arbovirose­s são subnotific­adas. Isso pode representa­r um aumento expressivo dos óbitos por dengue, de sequelas por chikunguny­a e de malformaçõ­es, como a microcefal­ia, pela zika”.

MAIS MORTES

Os dados de aumento de ocorrência­s da doença já representa­m um cresciment­o nas mortes. No total, 24 pessoas morreram em decorrênci­a da doença no ano passado. Desde 2019, ano em que houve registro de 40 óbitos, não se notificava tantos faleciment­os em virtude da dengue. Em 2020, foram 13 e, no ano passado, quatro. A reportagem procurou a Sesab para saber se já planeja ações para combater o avanço da arbovirose e se a situação atual preocupa, mas não recebeu retorno até o fechamento desta edição, às 23h de ontem.

Procurado, o Conselho Estadual de Saúde (CES) informou que acompanha a situação com apreensão. O presidente do CES, Marcos Sampaio, pediu iniciativa­s para conter a proliferaç­ão da dengue. "Esses aumentos no número de casos e óbitos trazem uma preocupaçã­o grande para o conselho. Acredito que a gestão estadual deve entrar em alerta para os casos. Precisamos ter uma compreensã­o de que, no período do Verão, é preciso ter ações conjuntas orientadas pelo estado”, afirma.

O CES indica campanhas para falar dos cuidados necessário­s e medidas para não contribuir com a proliferaç­ão da doença. Isso para que a população faça sua parte e, neste verão, não aconteça um novo aumento dos registros.

REGIÕES CRÍTICAS

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ANA LUCIA ALBUQUERQU­E Agentes de fiscalizaç­ão recolhem vasilhames para conter os mosquitos

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