Relatório aponta militares comprados pelo garimpo
TERRA YANOMAMI Supostas ligações criminosas entre militares do Exército e alvos de operações são descritas em dois relatórios preliminares de inteligência da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) feitos em 2019, no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), segundo a Folha de S.Paulo.
Os documentos apontam uma relação próxima entre integrantes do Exército que atuavam em Roraima e o já então crescente garimpo ilegal do território Yanomami, hoje em estado de emergência. Elaborados no âmbito da 5ª fase da operação Ágata executada no segundo semestre daquele ano para a criação de uma barreira de controle no baixo rio Mucajaí -, os documentos trazem entrevistas com pessoas encontradas durante as ações, mas não chegam a aprofundar a apuração dos fatos narrados.
Os documentos dão conta de que garimpeiros tinham relação de parentesco com militares do Sétimo Batalhão de Infantaria da Selva (BIS), que por sua vez vazavam informações sobre operações de combate à atividade ilegal e permitiam a circulação de ouro ou drogas mediante pagamento de propina. Os relatos dos abordados, tanto de indígenas como de garimpeiros ou trabalhadores dos acampamentos, apontam nomes, patentes e até contato de celular daqueles militares que supostamente recebiam propina para vazar informações sobre as operações ou permitir a entrada ilegal na TI.
Ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) informou que foram detectados indícios de descumprimento de determinações da Corte e do envio de informações falsas envolvendo a situação da população indígena yanomami. Segundo o tribunal, após a identificação dos responsáveis, haverá processo para punição. Durante o governo Bolsonaro, foram abertos dois processos que tratam da proteção dos indígenas contra a covid-19 e a determinação de um plano de expulsão de garimpeiros e madeireiros de sete terras indígenas, entre elas, a Terra Indígena Yanomami.
As determinações do STF envolveram o envio de alimentos, medicamentos, combustíveis e o uso de força policial para proteger as comunidades. De acordo com a Corte, as medidas adotadas pelo governo anterior não seguiram o planejamento aprovado pelo STF e “ocorreram com deficiências”.